Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, v.1, n.1 - I Congresso Nacional de Educação Matemática da Grande Dourados

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A MATEMÁTICA COMO FERRAMENTE PARA A CONSTRUÇÃO DE VERDADES: SOBRE ESTATÍSTICA E GOVERNAMENTO
José Wilson dos Santos, Juliane Medeiros Nunes, Mariele Ortega Vieira, Dieine Jaqueline Afonso, Renata Rodrigues Gonçalves

Última alteração: 2018-09-08

Resumo


O texto apresenta um tensionamento de análise sobre a Estatística produzido no decorrer do projeto “Práticas discursivas movimentadas nos livros didáticos de Matemática do Ensino Médio”, desenvolvido no âmbito da Universidade Federal da Grande Dourados. Trata-se de analisar a Estatística proposta e praticada como forma de programar os sujeitos não somente para ler e entender os dados nos mais diversos campos do saber, mas como forma de produzir e validar cientificamente as verdades que se deseja tornar conhecidas. Para tanto, tomamos como objeto de análise alguns recortes de documentos oficiais no que tange às propostas curriculares para o conteúdo em questão, bem como excertos de livros didáticos de autores reconhecidos nacionalmente, que figuram frequentemente entre os aprovados no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Além destes, consideramos ainda trechos de propagandas veiculadas na mídia digital e televisiva sobre a reforma do Ensino Médio, como mecanismo que reforça e é reforçado por outros discursos, dentre eles, aqueles movimentados pela Estatística presente nas disciplinas de Matemática na educação básica. Apoiamos nossas argumentações e descrição nas teorizações propostas por Michel Foucault e utilizamos o governamento como ferramenta para pensar a fabricação de verdades. Entendemos ser significativo nesse processo destacar que a lente que ora lançamos sobre os excertos coletados nas análises, embora possuam inspiração foucaultiana, não são a lente de Foucault, trata-se de uma lente nossa, mas que carrega as nuances de suas teorizações, bem como de reflexões do Grupo de Pesquisas Currículo e Educação Matemática (GPCEM), logo,não pode ser confundido com um olhar isolado, único, mas não sozinho... um individual-coletivo. Nesse movimento, procuramos encontrar ferramentas e, no uso, confirmar se realmente é aquela a ferramenta adequada. Depois a utilizamos a nosso modo. Caso seja necessário, buscamos na bancada (Foucault-GPCEM) outra ferramenta, ou reconfiguramos a anterior, construímos uma nova se preciso for, afinal. Ao refletir e descrever os dados, observamos o uso da Estatística figurada em números e índices como representação da mais absoluta “verdade” que, incontestável em sua cientificidade, conduz sutilmente toda uma população a aceitação de medidas governamentais construídas sem a participação do povo a quem de interesse. Trata-se da captura da capacidade dos sujeitos de “ler” crítica e autonomamente o mundo, capturase seu sentimento, sua “alma”, colocando-se no lugar um sujeito do governamento neoliberal.

Palavras-chave: Estatística. Governamentalidade. Práticas Discursivas. Construção de Verdades.