Este trabalho é construído a partir de estudos diversos (GARCIA, 1999; FIORENTINI et al, 2002; MIZUKAMI, 2002), que evidenciam um movimento na formação continuada de professores, de explorar aspectos da prática pedagógica que potencialize ao professor, permeado pela troca de saberes, produzir conhecimentos bem como recursos que possam subsidiar suas atividades docentes. Como intencionamos instituir um espaço de formação voltados a professores da educação básica, de modo a compartilhar a mobilização de recursos de que dispõe para o ensino para compor um sistema de documentos que possam subsidiar as necessidades concernentes de sala de aula em meio ao conhecimento vigente, recorremos à abordagem documental do didático proposta por Gueudet e Trouche (2008). Isso se deu em um espaço de formação na cidade de Caarapó no estado de Mato Grosso do Sul, com a presença de professores de Matemática, Geografia, História, Ciências, Pedagogia, Letras, onde ao discutirmos sobre as vertiginosas mudanças pelas quais passa a sociedade e dada a necessidade crescente de que o profissional busque cada vez mais aperfeiçoar-se em seu campo de trabalho, pudemos afirmar ser inconcebíveis ignorar os recursos disponíveis aos professores como tecnologias, jogos educativos e brincadeiras, livros didáticos, documentos oficiais. A abordagem documental do didático, proposto por Gueudet e Trouche (2008) no sentido de ampliação de novas possibilidades de investigação ao que diz respeito às especificidades do trabalho do professor, permitiu observar como se dá em uma determinada classe de situações o processo de desenvolvimento de seu sistema de recursos. Nesse sentido, torna-se possível ao professor agregar novos recursos em seu sistema, realizar adaptações, transformar o seu sistema a depender da natureza de seu trabalho. Na dimensão da abordagem documental do didático o professor aprende quando seleciona, faz transformações e ainda modifica ou se dispõe rever seus recursos. Vemos nisso a possibilidade de se articular a essa discussão de aprendizagem, no contexto de um grupo de professores da educação básica, o processo de negociação de significado como um mecanismo que desencadeia a aprendizagem em um processo que envolve o trabalho documental, a experiência de vida e o nosso engajamento no mundo como fonte de aprendizagem. É válido observar que para constituição de um sistema documental pelos professores, ao considerarmos a trajetória de trabalho como um processo, devemos incluir aspectos instrumentais, pessoais e interpessoais com base nas  negociações que são realizadas pelos integrantes. Isso implica afirmar que nem sempre haverá consenso nas escolhas para constituição dos documentos, mas as negociações devem prevalecer mediante as questões que são impostas ao grupo por meio dos diversos contextos. Essa formação continuada que contemplou a presença de professores de diferentes áreas, fomentou discussões e empreendeu um movimento de mobilização, reutilização e/ou criação de recursos didáticos que possa ser associado à realização de uma prática em sala de aula. O que parecia ser distante para a aplicação de um dado recurso por um professor, quando compartilhado a experiência no trabalho por outro, instigou o grupo a pensar nas potencialidades e limitações desses recursos para o sistema de ensino.

Palavras-chave: Educação Básica; Formação Continuada; Abordagem documental do didático.