O presente trabalho é resultado de pesquisa que temos realizado na aldeia ao longo da formação em Matemática no curso de Licenciatura Intercultural Indígena-Teko Arandu (que em português significa viver com sabedoria) da Faculdade Intercultural Indígena  da UFGD. A pesquisa faz parte da nossa formação, e é importante para os povos indígenas, pois por meio dela temos trazido para sala de aula e para o currículo das escolas indígenas conhecimentos e saberes de nosso povo. Tem como objetivo propor aos alunos, da escola indígena Adriano Pires, da aldeia Potrero Guassu, do município de Paranhos, o desenvolvimento de uma série de atividades contextualizadas e interdisciplinar, que utilizará a construção arco e flecha, um instrumento tradicional dos índios Guarani, e seus significados para nossa cultura, para abordar conceitos de matemática e de outras disciplinas nas atividades realizadas nas aulas. A valorização dos conhecimentos indígena em sala de aula tem sido importante para a construção de uma escola indígena intercultural. A Etnomatemática (D‟Ambrosio, ), aponta para uma perspectiva de trabalho em sala de aula, onde os valores, conhecimentos e práticas de distintas culturas podem estar em dialogo, o que vai de encontro com a proposta de uma escola indígena diferenciada e intercultural (Walsh, 2009). Apresentamos uma série de atividades, teóricas e práticas (a fabricação deste artefato), como forma de valorizar em sala de aula os conhecimentos presentes na nossa cultura. Acreditamos que com esta valorização e o reconhecimento dos alunos de suas práticas em sala de aula a aprendizagem pode ser mais significativa para as crianças indígenas. Neste trabalho apresentaremos a história deste artefato na cultura guarani, os diferentes tipos de flechas, os recursos utilizados no artefato e os possíveis conceitos matemáticos, práticas matemáticas, mobilizadas na confecção e na utilização deste artefato.

Palavras-chave: arco e flexa; etnomatemática; Guarani; ensino de matemática; educação escola indígena.