Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, v.1, n.1 - I Congresso Nacional de Educação Matemática da Grande Dourados

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OS “IMPOSSÍVEIS” DIÁLOGOS ENTRE A BIOLOGIA E MATEMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR
Janielle da Silva Melo da Cunha, Jéssica Maurino dos Tamaeh Monteiro Alfredo, Aldrin Cleyde da Cunha

Última alteração: 2018-09-13

Resumo


Desde que nascemos construímos conhecimento. Aprendemos a retirar energia dos alimentos e o balanceamento energético que nosso corpo precisa para realizar desde pequenos movimentos a até mesmo sobreviver. Aprendemos a economizar, a contar o tempo e as lembranças. Mas quando classificamos este conhecimento como sendo cientifico, ocorre a fragmentação de tudo o que aprendemos em nosso cotidiano para as áreas do saber. Como exemplo apresentamos nesta pesquisa as dificuldades de diálogo entre a biologia e a matemática no ensino superior e o longo caminho a percorrer rumo a transdisciplinaridade. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo descrever e analisar as representações sociais de pós-graduandos da área de ciências biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados, sobre o ensino e aprendizagem da matemática no ensino superior. Para o desenvolvimento da pesquisa foram aplicadas entrevistas semiestruturadas onde, ancorando-se no aporte teórico da Teoria das Representações Sociais, os dados foram analisados qualitativa e quantitativamente utilizando-se a metodologia do discurso do sujeito coletivo (DSC) e o software QualiquantiSoft. Assim temos a Representação Social como um conjunto organizado de opiniões, de atitudes, de crenças e de informações referentes a um objeto ou a uma situação e o DSC um conjunto harmônico de processos e procedimentos destinados, a partir de depoimentos colhidos em pesquisa sociais de opinião, a conformar, descritivamente, a opinião de uma dada coletividade como produto qualiquantitativo, isto é, como um painel de depoimentos discursivos. Como resultados, todos os entrevistados tiveram alguma disciplina específica de matemática ou estatística durante sua formação e apresentaram dificuldade em compreender esta disciplina. Justificaram em seus discursos que quem ministrou a disciplina de matemática não era da área de formação das ciências biológicas e assim não observaram aplicação do conteúdo ensinado com sua futura profissão. Ao serem questionados sobre como deveria ser o ensino de matemática nos cursos de ciências biológicas, 90% dos entrevistados disseram que deveria ser mostrada aplicações na área do curso, e 10% responderam que deveria ser direcionada a aplicações estatísticas. Todos os entrevistados entendem que a matemática é utilizada apenas como um instrumento para a resolução de problemas da biologia. Podemos inferir com os resultados construídos pelos DSC, que os entrevistados não conseguiram relacionar os conteúdos matemáticos ensinados durante a sua formação com as práticas profissionais de sua área de atuação, apresentando dificuldades na aprendizagem de matemática. Sugerimos que a Educação Matemática tem, portanto, um grande desafio no processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos matemáticos na formação de profissionais das ciências biológicas, ou seja, a Educação Matemática tem neste campo um árduo trabalho para aproximar a práxis docente matemática das demais ciências. Concluímos que estabelecer o diálogo entre a biologia e a matemática no ensino superior só será possível com a ruptura das grades disciplinares, colocando em prática a transdisciplinaridade a partir da abordagem do ensino por meio de significações e com a articulação de saberes entre diferentes campos do conhecimento.

Palavras- chave: transdisciplinaridade; educação matemática; representações sociais