Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, I Seminário Internacional Etnologia Guarani: diálogos e contribuições

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Educação escolar indígena: entre a busca do Bem Viver e a realidade de luta pela terra
Sandra Procópio da Silva, Maristela Aquino Insfram, Anastácio Peralta

Última alteração: 2016-10-28

Resumo


Este trabalho é fruto de uma experiência iniciada no começo do ano de 2016, na Escola Municipal Indígena Lacuí Roque Isnard. O elemento mobilizador foi o tema da fome. A escola fica localizada na Reserva Indígena Bororó, no município de Dourados-MS. A escola atende 200 crianças entre 06 a 15 anos. Uma das razões pelas quais uma parte considerável vai para a escola é para ter oportunidade de realizar a única refeição do dia. Por trás desta situação está um longo histórico de perda de territórios tradicionais, e vários outros pontos que levam à situações de violência, dependência química ( drogas) e alcoolismo e transformações sistemáticas de costumes e hábitos alimentares milenares praticados pela comunidade, que colaboram para que o tema da fome se transformasse em um problema desta dimensão.

Para os povos Guarani Kaiowa, seu território não reconhece as linhas oficiais demarcadas pelos governos do estado capitalista. Seu grande povo está entre Brasil, Paraguai e Argentina. Nas memórias de muitos anciãos, custa-lhes compreender a possibilidade de que a terra seja dividida entre nações.

O modo de vida do povo Guarani Kaiowa é profundamente marcado pela espiritualidade, expressada em todos os momentos e movimentos na busca da Terra Sem Males. Sua relação é marcada pela concepção da Terra como mãe, portanto, aquela a quem se ama, cuida e respeita, e não se admite que a terra seja usada como objetivo de comércio. Portanto, a concepção de vida relaciona-se cotidianamente com o sagrado, como elemento fundante do todo do seu mundo. É nesse contexto que o termo Bem – Viver, tem sido amplamente utilizado para expressar essa relação dos povos indígenas com a luta por um mundo que supere a economia capitalista e pressuponha outras formas de relação entre seres humanos e natureza.

É neste sentido que educação indígena vai muito além da educação escolar indígena. Educação, neste contexto, não pode ser explicada com palavras, se não a vivencia das múltiplas dimensões que compõe a vida no território e como um grande povo.

A escola, historicamente, quando surge na humanidade, tem a tendência a servir as leis de mercado, e também de reprodução das ideias da classe dominante. No Brasil, não é diferente. Portanto, a escola indígena é uma conquista dentro dos marcos do estado democrático de direitos, ao mesmo tempo que é o conflito pela construção da contra hegemonia. Ou seja, “a escola que temos” e a “a escola que queremos”.

 

Palavras-chave: Bem Viver, Educação Escolar Indígena, Educação Indígena, fome.


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