Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, I Seminário Internacional Etnologia Guarani: diálogos e contribuições

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O QUE CONTAM OS GUARANI E KAIOWÁ SOBRE O CORTE DA CANA? O avanço da fronteira agrícola moderna e a precarização das práticas espaciais guarani e kaiowa no Mato Grosso do Sul
Lívia Domiciano Cunha

Última alteração: 2016-10-28

Resumo


Ao longo da história de ocupação do sul do então estado do Mato Grosso políticas agrárias e indigenistas foram sendo instaladas no início do século XX sob a lógica desenvolvimentista de ocupação dos ditos “espaços vazios”, a partir de critérios geopolíticos de ocupação efetiva do território, o que fez emergir uma série de conflitos. Em 1910 cria-se o SPILTN (Serviço Nacional de Proteção aos Índios e de Localização dos Trabalhadores Nacionais) como um dos instrumentos do governo republicano vinculados a políticas relacionadas à colonização da região, além de criar as reservas indígenas objetivando abrir espaço para instalação de novas frentes econômicas (LIMA, 1992). A partir do controle dessas reservas com a instalação dos postos indígenas no seu interior, objetivava-se também promover ações de cunho civilizatório e viés evolucionista, para integrá-los à sociedade nacional como força de trabalho nacional. A exploração da força de trabalho indígena na região se deu em várias frentes, no ciclo extrativista na extração do erva mate, no desmate para a abertura de fazendas para os grãos e, mais recente, no corte da cana. Os povos guarani e kaiowa ressignificaram tais atividades inserindo-as em sua economia, vide a reconfiguração de suas práticas espaciais a medida em que a fronteira da agricultura moderna avançava e a alterava consideravelmente a materialidade espacial, logo, também sua forma de organização socioespacial. Na histografia oficial não há relatos destes povos a partir de sua narrativa sobre estes processos que atravessaram seu território em diferentes períodos, por essa razão o presente trabalho visa fazer um registro histórico-geográfico a partir da década de 80 destes povos sobre a atividade no corte da cana a partir de levantamentos de relatos de vida sobre tais condições que a atividade no corte da cana era realizada. São de fundamental importância as seguintes leituras, Rosa Luxemburgo (1985), Harvey (2005, 2008), Clastres (1977), Hannerz (1997), Viveiros de Castro (2002), Almeida & Mura (2002), Lopes de Souza (2013), Schaden (1974), Souza Lima (1992). Tal como a realização de trabalho de campo na área de estudo para busca de dados primários e também o uso de banco de dados para a coleta de dados secundários CIMI, ISA, dentre outras fontes.

PALVRAS-CHAVE: Canavial; Mato Grosso do Sul; Guarani.


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