Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, I Seminário Internacional Etnologia Guarani: diálogos e contribuições

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Estudantes indígenas nas universidades: sobre modos de conhecer, de traduzir e de transformar o conhecimento
Talita Lazarin Dal’ Bó

Última alteração: 2016-10-26

Resumo


O campo de estudos da etnologia sul-ameríndia tem nos demostrado que os muitos modos de produção e circulação de conhecimento entre os povos indígenas se conectam a práticas como xamanismo, processos rituais, processos sensitivos, e se utilizam de prerrogativas como restrições, proibições, orientações, ou seja, quem pode, quando e de que modo produzir e circular determinados conhecimentos. No entanto, com o acesso recente e intenso de jovens indígenas a diferentes espaços, como as universidades e os ambientes acadêmicos, como ficaria o debate em torno desses regimes de conhecimento? É possível aproximar e permitir dialogar saberes e conhecimentos que se exprimem por processos diferentes? Ou ainda, é possível apostar em modos de tradução e de transformação desses conhecimentos?A partir do acompanhamento de experiências de estudantes indígenas de graduação na UFSCar e de estudantes indígenas de pós-graduação em Antropologia Social na UFAM, gostaria de propor nesse trabalho dois principais pontos para reflexão:1) que os modos de conhecimento que se realizam nessas experiências podem ser percebidos não somente em ambientes de sala de aula e de pesquisa, mas se estendem a diversos momentos da formação universitária desses estudantes, demonstrando que a ideia de “conhecimento” deve ser ampliada para umas perspectiva que se atente a modos de se relacionar, de ocupar espaços, de constituir sujeitos políticos e de construir alianças e redes indígenas que se entremeiam no campus e para além dele; em síntese, de experimentar a vida universitária como um modo de conhecimento.2) que o acompanhamento das experiências dos pós-graduandos indígenas em Antropologia tem nos levado a refletir sobre seus processos de produção de pesquisa como modos de tradução e de transformação de conhecimentos, cujos efeitos parecem2caminhar para novas possibilidades de produções antropológicas, tanto no que diz respeito às metodologias de pesquisas quanto à produção de conceitos e categorias que se realizam nesses processos. Além disso, da necessidade de nos atentar também para todas as relações e subjetividades que se estabelecem nessas experiências, entre cada um desses estudantes/pesquisadores e os seus interlocutores principais de pesquisa, geralmente conhecedores ligados a eles por redes de parentelas e alianças, assim como entre eles e seus professores e orientadores acadêmicos, e entre eles próprios, e os efeitos que essas relações geram em suas produções de conhecimento antropológico.Palavras-chave: estudantes indígenas, modos de conhecer, modos de traduzir, antropologias indígenas.

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