Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, I Seminário Internacional Etnologia Guarani: diálogos e contribuições

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Políticas indígenas e indigenistas na escolarização dos Guarani e Kaiowá: diálogos possíveis?
Renata Lourenço

Última alteração: 2016-10-26

Resumo


A elaboração de políticas públicas visando encampar os pleitos dos movimentos indígenas e indigenistas ao longo das últimas três décadas, suscita inúmeras contradições que derivam, dentre outras questões, da in/compatibilidade entre a organização interna das aldeias, e o sistema escolar. Em diálogo estreito com professores e lideranças indígenas Guarani e Kaiowá, do cone sul do Estado de Mato Grosso do Sul, venho presenciando situações que despertam meu interesse em analisar com mais profundidade as incoerências provindas das ações governamentais. Como processar os conhecimentos e saberes tradicionais na escola, no dizer de alguns professores e anciões, seguindo “passo a passo” o caminho do “bem viver” (Teko Porã), alicerçado na “boa palavra” e no “exemplo”, pedras basilares da concepção de ensino dos Guarani e Kaiowá. Como re/construir escolas nas aldeias, que não sejam meramente instituições externas, mas que tenham como ponto de partida e chegada, os referencias da “cultura” indígena? Estas reflexões não são novas, mas o que me parece novo é como isto tem voltado a ser motivo de debate. É visível o distanciamento entre, de um lado, o que se tem como projeto de uma escola “diferenciada” e, de outro, as dificuldades e inconsistências de sua aplicabilidade. Contudo, no caso específico dos povos em questão, vejo um número significativo de professores, buscando trilhar novos caminhos. Muitos anciões que ocupam destaque nas aldeias, rezadores/xamãs vêm procurando fazer um diálogo importante com a escola, no dizer de alguns, quando esta os chamam. Avanço por ora, apenas uma hipótese, ainda por lapidar, a de que tal diálogo consiste na identificação de acordos pontuais entre regimes de conhecimentos incomensuráveis. Partindo destas premissas, considero relevante e oportuno refletir a escola segundo a visão dos anciões (rezadores ou não). Trata-se de um esforço em apreender possíveis caminhos para uma escola “diferenciada”, percorrendo o caminho inverso – da lógica interna à externa. O alcance do estudo que se propõe, estaria assim delimitado, às (im) possibilidades de escolas menos impositivas no âmbito das próprias comunidades em que se inserem. A relação tempo-espaço "ará", poderá prestar-se como uma baliza inicial à análise das (in)adequações e antagonismos que permeiam a educação institucionalizada nas aldeias Guarani e Kaiowá.

Palvras-chave: políticas de aldeias; políticas públicas; escola; Guarani; Kaiowá.


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