Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, I Seminário Internacional Etnologia Guarani: diálogos e contribuições

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Alterações da paisagem e território ambiental: uma introdução à influência no ñande reko dos Guarani e Kaiowá
Elâine da Silva Ladeia

Última alteração: 2016-10-28

Resumo


A abordagem etno-ecológica procura integrar ao estudo ecológico o conhecimento de como as populações percebem os recursos. A etnociência trata do estudo das percepções culturais do mundo e de como os indivíduos organizam essas percepções por meio da linguagem. Nesse sentido observamos que a natureza, e o ambiente em que está inserida no cotidiano das comunidades indígenas está intrinsecamente associada ao nande reko -modo de ser dos guarani e kaiowá, nela existem os jara – donos da natureza – estes de acordo com os etnoconhecimentos indígenas permitem ou não o uso dos recursos naturais para uso e sobrevivência das comunidades e seus indivíduos. LEFF(2012) define essa relação como ‘saber ambiental’ – que é o reconhecimento  das identidades dos povos, suas cosmologias e seus saberes tradicionais como parte de suas formas culturais de apropriação de seu patrimônio de recuros naturais. Considerando a importância do ambiente para as comunidades indígenas Guarani e Kaiowá esse trabalho visa apresentar uma introdução sobre como as mudanças ambientais ocorridas nas aldeias indígenas do Cone Sul de Mato Grosso do Sul, vêm provocando mudanças nos costumes tradicionais de alimentação, ritos culturais das etnias guarani e Kaiowá, bem como também na alimentação e jeito de ser desses indíviduos em suas comunidades. O trabalho introdutório foi realizado com os acadêmicos da Licenciatura Indígena Teko Arandu da FAIND/UFGD dentro das atividades de alternância realizadas no período de julho de 2015 a junho de 2016 em 14 comunidades indígenas onde residem os mesmos, tendo sido realizados por meio de entrevistas com a comunidade escolar das aldeias, jovens, anciãos e mestres tradicionais. Os resultados obtidos de acordo com as entrevistas realizadas com os mestres tradicionais em particular, apontam que ao longo dos últimos 30-40 anos, o ambiente das comunidades sofreu muita alteração, considerando que em muitas delas a pré-existência da exploração de madeira para comércio, do uso de terras para agropecuária tornou o ambiente escasso de muitas espécies animais utilizadas para caça , diminuição de ervas e plantas de uso medicinal, alimentício e artesanal, bem como, trouxe danos as margens de rios, riachos e nascentes, acarretando problemas também quanto ao uso e disponibilidade de água nessas comunidades. Nessas terras, quando ocorre a formação de comunidades indígenas, o ambiente que já era prejudicado, foi sofrendo novas alterações e assim também alterando os costumes tradicionais desses indivíduos.


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