Diante do apocalipse, uma das formas de reação de identidades Guarani contemporâneas consiste na reorganização de caracteres culturais para assumir uma nova postura diante dos avanços coloniais, em que a retomada de terras se apresenta como instrumento de resistência. Em meio às suas caminhadas pelos territórios, espaços naturais são mantidos pelas sociedades nacionais como intocados. A dicotomia entre terras produtivas e áreas protegidas constitui o substrato da modernidade capitalista em termos territoriais. A intocabilidade destes espaços não se justifica diante do povo cuja constituição dos territórios não obedece a lógicas modernas. Ainda que os direitos coletivos dos povos sejam suficientemente reconhecidos para fundamentar juridicamente a superação deste conflito, são solene e reiteradamente ignorados pela sociedade nacional.