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A memória histórica que cerceia os acontecimentos de horror, ocorridos emAuschwitz, está muito presente em Diário da queda, do escritor Michel Laub. Essa tragédiade conhecimento histórico mundial é utilizada como mola propulsora aos questionamentos einquietações de seus personagens, acerca da vida, em tempos diferentes, que decidiramseguir. Tal recurso é retratado como pano de fundo numa história enriquecida por memóriasdescritas em três gerações: avô, pai e filho que permeiam um círculo de dores enclausuradaspelas lembranças de Auschwitz. Esses três homens sofrem as sequelas causadas pelo campode concentração em que esteve o avô do narrador, descritas numa narrativa não linear, comcronologias muito bem misturadas, mas totalmente entrelaçadas. As memórias são descritaspor meio de diários do avô, assim como a própria escrita do narrador que oferece ao leitor aconstrução de um romance memorialístico. Além, da sombra causada por Auschwitz, essepersonagem busca na memória as vivências ocorridas na infância, sobretudo na adolescência,para explicar o presente, que ocorre na vida adulta. Amor, sofrimento, ódio, esperança,arrependimento, assim como judaísmo e discriminação são temas caros neste romance deLaub, expressos pelo personagem em tom confessional, o que sugere, ainda, o título da obra.Para tanto, este trabalho se respalda nas discussões teóricas acerca da história (metaficçãohistoriográfica), da memória, assim como o curso tomado por elas nas questões daconstrução fragmentada da identidade do indivíduo pós-moderno. Os estudos de Stuart Hall,Karl Erik Schøllhammer, e Linda Hutcheon serão o arcabouço teórico utilizado para estaanálise.