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Quando se aborda o tema na historiografia literária nos vem à mente as obrasque lemos durante nossa formação de leitor e, em particular, remete-se àquelas que nos foramapresentadas na escola. Ocorre, todavia, que dificilmente a escola nos fornece contato com aliteratura marginal. Nessa verve, com base nas contribuições de René Wellek & Austin Warren(1976), T.Eliot (1989), Sandra Nitrini (2000) e Tânia Franco Carvalhal (2003), concernentes àLiteratura Comparada; nos pressupostos de Wolfgang Kayser (1963) e Anatol Rosenfeld (1985),no que diz respeito à análise e interpretação da obra literária; nos estudos de Wagner CorsinoEnedino (2009), acerca do conceito de marginalidade; e nos trabalhos de Carlos Alberto Pereira(1986) e Ken Goffman & Dan Joy (2007), quanto aos aspectos que circunscrevem acontracultura; a presente pesquisa repousa em uma reflexão sobre o trabalho intelectual doescritor alemão Henry Charles Bukowski no que tange à obra Sobre o amor (2017), a qual épermeada de um estilo melancólico, obsceno e marginal. A vida difícil e desregrada do autor foitranscrita em prosa e verso em suas próprias produções. Bukowski acumulou histórias, paixões eaventuras. Nesse sentido, conforme assevera Sounes (2000, p. 20), alcoólatra,mulherengo, imprevisível, Charles Bukowski transformou todos os seus pecados, angústias etrapaças em matéria-prima de clássicos . Comparativamente, a presente pesquisaprocurou observar que diferentemente de amor é fogo que arde sem se de Camões em OsLusíadas; do amor levado às últimas consequências vivido em Romeu e Julieta, de Shakespeare;do amor pela riqueza como descreveu José de Alencar em Senhora, a compreensão de amorretratada pela perspectiva bukowskiana pode ser equiparada com o pensamento epicurista, umavez que o amor definido pelo artista pode ser considerado como a busca incessante pelo prazer,pela sensualidade e pela luxúria. Assim, as poesias presentes na obra Sobre o amor (2017)conduzem o leitor a um desconforto social, a qual mimetiza a realidade suburbana. Notadamente,a poética de Charles Bukowski nos permite refletir sobre a sociedade, alavancando um conjuntode pensamentos sobre comportamento, constructo cultural, bem como as relações interpessoais.