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O presente trabalho propõe uma leitura comparativa de algumas peças do teatrobrasileiro em que aparecem personagens indígenas das etnias kaiowá e guarani. O recortedescrito reúne os trabalhos Morte aos Brancos - A Lenda de Sepé Tiajaru (1984 - CésarVieira - Grupo de Teatro União e Olho Vivo São Paulo/SP); Morte Kaiowá (1993 - PauloCorrêa de Oliveira - Grupo CERA Aquidauana/MS); Tekoha Ritual de vida e Morte doDeus Pequeno (2011 Fernando Cruz e atuadores do Grupo Teatro Imaginário MaracangalhaCampo Grande/MS); e Se eu fosse Iracema (2016 - Fernando Marques Cia 1ComumRio de Janeiro/RJ), e busca compreender a caracterização da personagem indígena kaiowá eguarani a partir do olhar de dramaturgos karaí (não indígenas), confrontando tais personagenscom a experiência de convivência da autora junto a essa população, e com dados históricosde sua cultura (CHAMORRO, 2015) e da história do Brasil. Observa-se a prevalência darepresentação da personagem indígena como vítima (em Morte Kaiowá e Se eu fosseIracema) ou herói (em Morte aos Brancos e Tekoha) em situações de violência extrema(morte por suicídio ou assassinato), e busca-se revelar certa dificuldade de artistas nãoindígenas para representar a personagem kaiowá e guarani em seu cotidiano, em uma vidacomum. Questões relacionadas à figura do herói no teatro moderno brasileiro (ROSENFELD,1996) bem como à noção de vidas (não) vivíveis (BUTLER, 2015) são problematizadas,levando em conta as limitações do lugar de fala (RIBEIRO, 2017) não indígena dos autoresabordados, o qual é compartilhado também pela autora do estudo.