Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, IV SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2019

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A DISTOPIA COMO TRAVESSIA DO NIILISMO EM SOBREVIVENTES E CLUBE DA LUTA DE CHUCK PALAHNIUCK
Geovano Moreira Chaves

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


Com o advento de um sentimento de mundo que se convencionou a ser intitulado como pós-modernidade, houve um presságio de que, entre outros sintomas sociais, ocorreria o fim das metanarrativas históricas totalizantes e lineares que fomentaram explicações globais e atribuíram sentidos a condição humana capazes de suprir a angústia existencial do ser diante da complexidade da vida. Neste cenário, os romances Clube da Luta (1996) e Sobreviventes (1999), de Chuck Palahniuck, nos revelam personagens desconectados destas metanarrativas clássicas que se caracterizam nestas obras literárias pelas atuações marginalizadas e autodestrutivas em relação a lógica de consumo e estilos de vidas padronizados. As personagens transitam por um cenário em que o consumismo exacerbado alterou significativamente as relações entre as pessoas ao relativizar crenças metafísicas, causando transformações no modo de entender a moralidade e a percepção de mundo, gerando novos sintomas e compreensões do “eu” em relação ao “outro” e do “eu” em relação ao “mundo”. Os modelos nucleares de famílias, as religiões universalistas que apontam um mundo melhor fora da vida física assim como as doutrinas políticas como destinos da felicidade humana na terra não possuem mais lógicas em seus fundamentos e objetivos conforme as trajetórias das personagens destes romances de Chuck Palahniuck. As obras Clube da Luta e Sobreviventes apresentam enredos que destacam personagens que arquitetam a narrativa partindo do ponto onde se inicia uma explicação não linear de acontecimentos que as levaram a destruição de suas vidas ou do meio em que habitam, tendo como pano de fundo sintomas do contexto de produção dos romances em que se debateram com muita ênfase ideias de fins de sistemas e da própria História, gerando a sensação de distopia como travessia do niilismo diante de grandes projetos de humanidade comum. Por meio deste trabalho pretende-se debater a trajetória de suas personagens e a forma em que elas são construídas diante de distopias  que exemplificam a crise de valores da proclamada pós-modernidade e ao mesmo passo apresentam sintomas que atravessam o sentimento niilista atribuindo novos sentidos de existência em meio a sociedade de consumo e a novas moralidades possíveis. Conforme argumenta a personagem Tyler Durdem em Clube da Luta: “Somos os filhos do meio da história, criados pela televisão para acreditar que algum dia seremos milionários, astros de filme ou da música, mas não seremos. E estamos entendendo isso agora [...].


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