O presente trabalho analisa a obra mais recente de Leonardo Padura, A transparência do tempo (2018), em que se combinam ficção e realidade para retratar os dramas e desafios de toda a sociedade cubana atual. Para tanto, discute os principais aspectos da obra deste autor, um dos principais nomes da literatura cubana contemporânea, apontando como este se tornou um intérprete da realidade cubana contemporânea, em suas múltiplas dimensões, descrevendo uma sociedade em que a tradição e a mudança, os hábitos e a novidade tencionam as relações pessoais e sociais. Desta forma, inspirado na prosa de E. Hemingway, sua obra apresenta uma Havana habitada por indivíduos que agem como arquétipos dos costumes e das características, dos sonhos e dos dilemas que perpassam toda a realidade cubana contemporânea e seus labirintos. A partir disto, analisa como seu último trabalho, desenvolvido em múltiplas temporalidades e regiões (em que se destacam Cuba, inclusive a periferia havanesa, e a Catalunha), se constitui numa trama que combina os dramas individuais com a realidade circundante, em sua plenitude e limites, envolvida pela decadência havanesa e a inevitabilidade do tempo, que atua e modifica os indivíduos e os projetos políticos e sociais. Neste sentido, discute como os principais personagens do romance, dentre eles Mário Conde, encarnam e se inserem numa realidade complexa e multidimensional, contendo elementos religiosos, políticos, culturais e econômicos e que se apresenta marcada por uma dinâmica em que dramas e desafios individuais, associados a iniciações sexuais e religiosas, as relações afetivas (amor e amizade), a violência e a ambição e ao desejo de emigração, refletem os limites das transformações, o esgotamento de uma sociedade e a transparência do tempo.