Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, IV SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2019

Tamanho da fonte: 
DA CARPINTARIA DA PALAVRA À CONSTRUÇÃO E (RE) CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS: UMA LEITURA DE NEKROPOLIS, DE ROBERTO ALVIM
Carla Forini Monteiro, Wagner Corsino Enedino

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


A Literatura Comparada surge como espaço reflexivo privilegiado para a tomada de consciência da natureza múltipla (histórica, teórica e cultural) do fenômeno literário, à medida que se posta como multidisciplinar, interdiscursiva e intersemiótica. Embora com raízes no entendimento tradicional do comparatismo, as relações entre Literatura e outras Artes (pintura, escultura, coreografia, música, arquitetura, cinema, teatro) têm sido abordadas de modo interdisciplinar ou intersemiótico, buscando menos as diferenças e mais as correspondências que lhes sejam subjacentes. Assim, com base nas contribuições de René Wellek & Austin Warren (1976), Sandra Nitrini (2000) e Tânia Franco Carvalhal (2003) concernentes à Literatura Comparada; nos estudos de Mikhail Bakhtin (1993; 1997) no que tange ao conceito de dialogismo, bem como nas bases epistemológicas preconizadas por Sábato Magaldi (1998), Jean-Pierre Ryngaert (1996), Patrice Pavis (1999) e Sônia Aparecida Vido Pascolati (2009) acerca de teatro e dramaturgia, esta pesquisa versa sobre as relações entre Literatura, Filosofia, Pintura e História estabelecidas pelo dramaturgo brasileiro contemporâneo Roberto Alvim na peça Nekropolis (2008). Trata-se, fundamentalmente, de um trabalho situado no campo dos estudos interartes; voltado para a reflexão da combinação artística que Alvim utiliza para compor a peça, sendo a técnica da bricolagem a que mais se destaca no espaço diegético. Com efeito, o texto dramático em questão é elaborado por meio da fusão de informações, junção de mídias e discursos previamente desenvolvidos que, quando unificados, formulam uma grande metáfora, na qual a exibição de corpos em rigor cadavérico significa um diálogo com o passado. Na esteira de Paul Valéry (apud Nitrini, 2000, p. 134) a influência de outros textos e elementos está fortemente relacionada ao ato criador e, por conseguinte, um texto é criado a partir da leitura e assimilação de outro: “Nada mais original, nada mais próprio do que se nutrir dos outros. Mas é preciso digeri-los. O leão é feito de carneiro assimilado”. Nesse segmento, o conceito de bricolagem repousa na união de elementos culturais que resultam em algo novo. Foi empregado em 1994 por Michel De Certeau e será utilizado para nortear a análise da obra dramática. Em suma, o presente trabalho busca pontuar como é constituída a relação interarte na peça Nekropolis (2008), além de refletir acerca do(s) efeito(s) de sentido(s) que cada código adquire, na diegése, quando vinculado ao texto por meio da técnica de bricolagem.

Texto completo: PDF