Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, IV SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2019

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ÍNDIO NIETZCHIANO: RESISTÊNCIA À COLONIZAÇÃOE A AFIRMAÇÃO DA VIDA
Célia Regina Delácio Fernandes

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


No Brasil, os autores indígenas conseguem espaço a partir da década de 1990, e essa produção cresce no século XXI com alguns avanços, mas ainda com muitos desafios para seu reconhecimento. Nesse contexto, destaca-se a aprovação da lei 11.645, em 2008, que estabeleceu a obrigatoriedade de se tratar a temática indígena na escola básica, fomentando a produção voltada para o público infantojuvenil e o surgimento de novos escritores.  Hoje temos várias obras de autoria indígena circulando nas escolas, compradas por meio de programas governamentais de incentivo à leitura, mas trata-se de um fenômeno bastante recente. Em mais de 500 anos de colonização, a chamada “literatura indigenista” mostra o “índio" de acordo com a perspectiva eurocêntrica, ainda que possamos perceber raras fissuras em alguns textos. Em vista disso, esta comunicação pretende apresentar o texto “Índio nietzschiano”, que compõe a obra Histórias de índio, de Daniel Munduruku (1996), com o objetivo de discutir a resistência à colonização, especialmente a doutrinação religiosa do nativo, representada na escrita de autoria indígena, por meio de um relato verídico, em interlocução com alguns aspectos da filosofia de Nietzsche. Dessa maneira, serão estabelecidos diálogos possíveis entre os escritos nietzschianos e os de autoria indígena, averiguando em que medida a literatura indígena se potencializa como um instrumento de luta, para que os nativos possam registrar as suas próprias histórias e valorizar suas tradições culturais por meio da escrita, que possibilita negar os valores do colonizador e sair da invisibilidade em  defesa de uma cultura ascendente a favor da vida. Para fazer esse diálogo, parte de uma pesquisa maior em andamento, será percorrido um caminho de investigação teórica, em que a área de Letras possa ultrapassar suas fronteiras e dialogar com a filosofia, a antropologia e a educação, para compreender essa nova produção literária de autoria indígena com potência de construir uma nova realidade, superar a polarização entre ficção e verdade, e (re)criar uma epistemologia indígena. Para tanto, inicialmente, serão utilizados alguns textos de Nietzsche (1992; 2000; 2017), os estudos de Viveiros de Castro (2002) sobre perspectivismo ameríndio e os teóricos indígenas Jecupé (2009), Munduruku (2008; 2014) e Graça Graúna (2013), que são autores de pesquisa sobre educação e autoria indígena e também de obras indígenas.


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