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Este trabalho tem por objetivo apresentar as contribuições do Cinema para a Educação Escolar Indígena (EEI). A concepção de ensino-aprendizagem indígena está diretamente ligada ao fazer tradicional, aos modos de organização familiares de divisão do trabalho, e alicerçada no diálogo inter-geracional, no entanto, as escolas indígenas reproduzem um modelo pré-estabelecido pelas políticas públicas verticalizadas, que vem sendo negado e problematizado pelos movimentos indígenas. O campo do Cinema prescrito pela teoria de Jean-Claude Bernadet (2001), articulado à Educação, favorece o aparecimento de discursos étnicos e interpretações cosmológicas como formas teóricas legítimas para consolidar uma escolarização diferenciada nos etnoterritórios. Os estudos pedagógicos de Domingos Barros Nobre (2012), por sua vez, nos revelam a valorização das narrativas e cosmologias indígenas, em equivalência a estatutos de conhecimento fruto de experiências e compreensões próprias, para absorvermos o sentido específico atribuído à Educação Escolar Indígena reivindicada pelas mais variadas etnias. Através da perspectiva de Alain Bengala (2008) analisaremos a estética e os conteúdos presentes em trechos de filmes Mbya (RJ) e Kaiowá (MS), realizados por professores e estudantes do Colégio Estadual Indígena Karai Kuery Renda de Angra dos Reis/RJ e pela ASCURI (Associação Cultural dos Realizadores Indígenas do MS), a fim de identificarmos as relações entre a produção do conhecimento indígena e o exercício pedagógico cotidiano. A nossa hipótese tem o pressuposto de que a utilização mais contundente de filmes como material didático em sala-de-aula, evidencia processos metodológicos de ensino intercultural e interdisciplinar, desarticuladores dos modos operantes positivistas e cartesianos em vigência na Educação Escolar Indígena oferecida pelo Estado.

Cinema; Educação Escolar Indígena; Cosmologia.