Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2017

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SUBVERSÃO NO CINEMA BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
Rodolfo Nonose Ikeda

Última alteração: 2017-09-27

Resumo


Este trabalho integra uma pesquisa multidisciplinar de doutorado que objetiva analisar a repetição de regimes discursivos da subalternidade pelo cinema brasileiro contemporâneo nas décadas de 1990 a 2010, tendo como aporte teórico-crítico os Estudos do Cinema Brasileiro, Culturais e Subalternos em suas relações com as Teorias Pós-estruturalistas, com base em teóricos como Gilles Deleuze (1974; 1990; 2010), Michel Foucault (1997; 2003), Ismail Xavier (2016) e Maurício Matos (2009), entre outros. Parte-se da ideia de que filmes como “Os Matadores”, de Beto Brant (1997), “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles (2002) e “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça (2012), reconstroem regimes discursivos da subalternidade e, tendo em vista as circunstâncias de produção articuladas ao contexto social e histórico, fornecem possibilidades de reflexão, fragilização e subversão dos discursos dominantes e das relações de poder instituídas. O presente trabalho concentra sua análise no filme “Os Matadores”, ambientado em sua maioria no estado de Mato Grosso do Sul, na fronteira Brasil-Paraguai. Com narrativa, montagem e trilha sonora ágeis e fragmentadas, entrecortadas por flash-backs e com influências hipertextuais de estilos, fases e gêneros cinematográficos diversos, como o “Western” norte-americano, o Documentário, o Neo-Realismo italiano, o Cinema Novo, o Cinema da Boca do Lixo e a Pornochanchada, o filme conta a história de vida de assassinos profissionais de origens diferentes (Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul) que, enquanto aguardam a próxima vítima, revelam em seus diálogos e reflexões o presente e o passado desta história que interliga a fronteira do país aos seus grandes centros urbanos, bem como a criminalidade e a violência à defesa da propriedade, do poder do capital, dos interesses políticos e da sobrevivência. O filme realiza uma discussão – e também uma intervenção – sobre a conjuntura política contemporânea e, mais especificamente, sobre a estrutura social e cultural brasileira, corrompida pela violência e pelo crime. Assim, e por meio de uma estética contemporânea aliada ao debate de temas relacionados às desigualdades socioculturais, “Os Matadores” foi pioneiro dentro da história do cinema nacional, demonstrando-se cada vez mais atual e urgente dentro da história do próprio país. Além dos filmes citados, outros também serão debatidos, como os recentes “Que horas ela volta?”, de Ana Muylaerte (2015), “Aquarius”, de Kleber Mendonça (2016), e “Martírio”, de Vincent Carelli (2017), objetivando analisar como o cinema brasileiro contemporâneo subverte as relações de poder instituídas - neste país que viveu e vive momentos políticos bastante temerosos.

Palavras-chave


Cinema: Identidade; Subversão; Subalternidade.

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