Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

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ARQUITETURA LITERÁRIA EM AVALOVARA: TECITURAS DO TEMPO, DO ESPAÇO E DA LINGUAGEM NO ROMANCE DE OSMAN LINS
Raul Gomes da Silva, Márcia Rejany Mendonça

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


Com a publicação do livro de narrativas Nove, Novena, em 1966, a escrita de Osman Lins sofre transformações significativas, dentre as quais destacam-se a multiplicidade de pontos de observação reunidas em um único plano, a identificação de personagens que passa a ser feita através de símbolos gráficos, tais como    ,     e    , entre outras que constituem uma busca consciente por novas formas de inscrição. Pode-se dizer que essas alterações no processo criativo do autor são frutos do seu constato com a arte medieval, com a estética gótica e com a arquitetura barroca quando de sua viagem, em 1961, à Europa, por ocasião de um estágio na Aliança Francesa. A partir desta experiência, Lins empreende uma ação criadora que se coaduna com ornamentos alquímicos, matemáticos e geométricos, conforme se constata nos romances Avalovara, de 1973, e em A Rinha dos Cárceres da Grécia, de 1976. Levando em consideração essas novas posturas assumidas pelo escritor diante ao objeto artístico, este trabalho busca compreender seus processos de construção literária, isto é, a arquitetura do romance de 1973, especialmente no que concerne às formas de tecituras do corpo das três mulheres protagonistas dessa obra: Anelise Roos, Cecília e      . A hipótese que se levanta é a de que Osman operacionaliza, nos três corpos, questões ligadas ao espaço literário, ao tempo e à linguagem. Isso ocorre porque no corpo de Anelise Roos tem-se a construção de uma geografia de diversas cidades, de uma arquitetura urbana; no de Cecília, coexistem figuras masculinas e femininas: ela é uma andrógina; e o de      é composto por letras e palavras: uma representação simbólica de uma escrita absoluta. Os três corpos, nesse contexto, tornam-se metáforas da própria arquitetura da narrativa, uma vez que tematizam reflexões sobre o espaço, o tempo mítico – que está intimamente ligado à memória –, e a autorreferencialidade da linguagem. Esses corpos, portanto, são eles mesmos e outros, pois transmutam-se em enunciados distintos daqueles que comumente se atribui à personagem do romance. Assim, no desenvolvimento do trabalho, busca-se estabelecer um diálogo com as reflexões teóricas de Guattari (2012), acerca dos novos paradigmas estéticos de espacialidade e corporeidade; com Mircea Eliade (1969), no tocante às questões míticas e andróginas; e com Roland Barthes (2003), a respeito do problema do símbolo e da linguagem.

Palavras-chave: Arquitetura Literária; Espaço; Tempo; Linguagem.


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