Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

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EM IMAGENS DE POEIRA E CAVAQUINHO, A MATÉRIA VIDA ERA TÃO FINA
Rodrigo Pessoa Oliveira, Maria Helena de Queiroz

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


A proposta deste trabalho parte de uma leitura analítica dos contos O cavaquinho, de Miguel Torga, inserido no livro Contos da montanha (1996) e Nessa poeira não vem mais seu pai, de Augusto César Proença, presente no livro Rodeio a céu aberto (2009), cujo fio condutor são os Estudos Interartes. Busca-se, dessa maneira, um diálogo entre as artes plásticas e a literatura. A partir da análise dos textos, percebe-se uma dimensão plástica no âmbito textual das narrativas nas quais os autores criam, seguindo seus respectivos estilos, mesmo desconhecendo técnicas de pintura. Trata-se de imagens que conferem beleza artística aos contos e trabalham no processo de interpretação do leitor, que vê ampliar a categoria estética dos mesmos. Esse aspecto aproxima o fazer artístico do escritor ao do pintor. Inferimos, pois, que o poeta trabalha signos não-verbais (imagens) por meio de signos verbais, adicionando à elementos imagéticos seu fazer escritural. Assim, propomo-nos a apresentar as relações interartísticas nos objetos selecionados, uma vez que identificamos nos textos elementos imagéticos típicos da pintura – tais como a luz, a cor, o movimento e a forma – inseridos em diversos fragmentos, seja em relação ao momento emocional da personagem, seja em descrições do espaço em que as narrativas se desenvolvem. Tudo isso, por sua vez, é possível devido a uma articulação linguística que tenciona a linguagem e ultrapassa a especificidade técnica da literatura, fazendo-a adentrar em outras áreas da expressão humana, como a pintura. A teoria comparada, outro aporte teórico deste trabalho, nos permite um estudo não só das semelhanças entre essas duas obras, mas sobretudo de suas diferenças, uma vez que estudos de fontes e influências são considerados aqui ultrapassados. Sobre esse aspecto, é preciso observar que os autores em estudo conseguem captar a fragilidade humana e a dor da perda com beleza peculiar, a partir de imagens insólitas e distintas que partem de temática idêntica: a morte. Para tanto, nossa bibliografia se baseia em Claus Clüver (1997), Tânia Carvalhal (2010), Cortázar (1999), Jorge Coli (2007) e Ezra Pound (1934).

 

Palavras-chaves: Artes plásticas; Conto; Interartes; Literatura.

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