Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

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IMIGRANTES ÁRABES NA FRONTEIRA: LITERATURA E REFLEXÃO SOBRE O ORIENTE E OCIDENTE
Luana Maria Gutierres Barbosa

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


A imigração árabe em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero é um elemento da rede de multiplicidade cultural existente na fronteira. As obras literárias ao longo dos séculos podem se tornar uma ferramenta rica para a leitura de mundo e de tempos históricos distintos, os imigrantes árabes possuíam uma visão do que seria o Ocidente, agora vivendo na fronteira entre Brasil e Paraguai suas percepções modificaram-se, agregaram novos elementos e excluíram algumas pré-concepções imaginadas. Por meio de relatos obtidos em trabalho de campo, a fala dos imigrantes expõe suas realidades e visão de mundo. Esta visão é influenciada através de séculos de estereotipização e conceituação do Oriente e do Ocidente. O aporte teórico se fundamentará nas obras de, Sayad (1998) e Mondardo (2008) para compreensão do que é um imigrante e sobre seu deslocamento no território enquanto para Albuquerque (2010) e Haesbaert (2004) contribuem sobre o estabelecimento do imigrante sua territorialidade e transterritorialidade estes trabalhos discutem o processo da imigração, conceitos que auxiliem a compreensão do imigrante na fronteira e estabelece elementos de sua identidade inclusive o que é ocidental e oriental como abordada na obra de Said (2007) O oriente como invenção do ocidente. Neste trabalho serão mencionados livros e obras literárias para demonstrar como estes estereótipos são construídos e influenciam nas relações da vida diária dos imigrantes árabes na fronteira de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Foram coletadas no trabalho de campo fotografias de 2016 e 2017, estas imagens foram capturadas nas duas cidades e auxiliam na compreensão do espaço em que o imigrante árabe vive e as relações que perpassam entre eles e as outras pessoas da fronteira, a reelaboração de culturas e costumes, pois da mesma forma que o imigrante árabe contribuiu para a cultura local, e como esta também modifica o imigrante árabe. Para isso propomos pensar a identidade, a cultura e os costumes que distingue um sujeito do outro. Utiliza-se o resgate histórico de obras literárias do Ocidente e Oriente e as criações humanas que são realizadas para delimitar, mostrar os limites tanto da forma física da fronteira entre países e hemisférios, a limites de ideias e concepções através das artes e da literatura, para justificar o “diferente”, o estrangeiro, o imigrante, o outro.  Consideramos que nesse movimento migrante existe um caminho criado por pessoas que se desafiam e desafiam as fronteiras geográficas e literárias, conceituais e filosóficas, suas escolhas não são individuais, demandam de uma lógica imposta além, de sobreviver, viver, modificar e se adaptar, os pré-conceitos são ensinados, porém, na luta do dia-a-dia alguns se desvanecem e outros se fortificam. A fronteira se torna um espaço de interação, de possibilidades e diversidade para o imigrante árabe, a cultura e a identidade se mesclam e se modificam.

 

Palavras-chaves: Imigrantes árabes; Ocidente; Oriente; fronteira.


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