Na América Latina as populações indígenas tem reivindicado um lugar nos espaços da educação. Das diferentes formas de resistência e luta os movimentos indígenas encontram na formação de professores indígenas uma possibilidade de educações outras. Nesta perspectiva pretendemos apresentar duas experiências de formação de professores indígenas no campo da Educação Matemática, o curso de Licenciatura Intercultural Indígena-Teko Arandu da Universidade Federal da Grande Dourados (Btasil). E o curso de Licenciatura em Pedagogia de la Madre Tierra da Universidad de Antioquia (Medellín-Colômbia). Assim nosso objetivo é entender como a Etnomatemática opera nestes programas, e como ela aparece como um movimento de contraconduta. Entendendo que este movimento cria novas formações discursivas e novas condutas, possibilitando que os professores indígenas atuem como agentes da sua própria subjetivação, a partir de outro modo de entender o conhecimento (matemático), o currículo, a educação e o ensinaraprender. Vemos nestes processos de formação, linhas de fuga que são possibilidades de produção de condutas outras, ou seja, novos fluxos, novos afetos e epistemologias outras. Percebemos que nestes cursos são reveladas lutas de forças, em primeiro lugar, entre os conhecimentos (matemáticos) ocidentais, presentes tanto na universidade quanto na escola e os conhecimentos indígenas. E em segundo lugar, lutas de forças entre as crenças, os valores e os rituais das próprias formas de vida e aquelas de outras formas de vida. Isto é, coletivos de forças que se manifestam de um lado epistemologicamente, e de outro cosmológica e antropologicamente. Outra questão que aparece nestes dois cursos é a relação da formação da universidade com a formação comunitária, produzidas no modelo da pedagogia da alternância e da pedagogia de la madre tierra.

Palavras Chave: Etnomatemática; formação de professores indígenas; contraconduta; epistemologias outras; relações de forças