Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, v.1, n.1 - I Congresso Nacional de Educação Matemática da Grande Dourados

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A HISTÓRIA DOS DETERMINANTES COMO SABER ESCOLAR
Késia Caroline Ramires Neves, Lariane Carolina Gonçalves Alcara

Última alteração: 2018-09-13

Resumo


Ao observar a Matemática Escolar podemos verificar que alguns conteúdos, com o passar do tempo, vão ganhando espaço no currículo oficial em detrimento de outros que vão se desvanecendo. No Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo, observamos que os Determinantes foram praticamente extintos das questões. Provavelmente, por decorrência disso, é que o tempo dedicado a eles, nas aulas de Matemática, também diminuiu. Dessa hipótese, inferimos que o “poder das avaliações nacionais” é um daqueles transformam o currículo da escola. Mas será que é um poder coerente para se realizar essas transformações? Ou as transformações deveriam partir de estudos da comunidade de educadores da área? Como opinar sobre isso? Essas questões, enquanto professores-pesquisadores da Educação Matemática nos motivaram a estudar a história dos saberes escolares, em buscar os porquês da inserção e permanência de certos conteúdos na escola. Tivemos como pressuposto, que ao conhecer a história dos saberes, poderíamos dizer sobre a importância de ensiná-los e os mantê-los nos sistemas de ensino. Sendo assim, buscamos na perspectiva teórica da História das Disciplinas Escolares (Chervel, 1990) quando iniciara e como se dera a trajetória de um desses saberes, os Determinantes. A escolha desse tema, já fora destacada anteriormente. A partir de uma análise documental (Bardin, 2010), constatamos que os Determinantes já apareciam nos registros escolares desde o ano de 1919. Entre a Reforma Francisco Campos (1931 a 1942) e a Reforma Capanema (1942 a 1961), houvera uma tentativa de renovação do Ensino Secundário: sobre quais conteúdos ensinar e como ensinar. Contudo, nada de expressivo ocorrera à estrutura do ensino dos Determinantes. Eram desenvolvidos sob a perspectiva de uma permutação de elementos, junto ao ramo da Análise Combinatória, e assim permaneceram até a década de 60. Logo após o "período Capanema", deu-se início a um novo movimento de transformação da Matemática do Secundário, o Movimento da Matemática Moderna (anos 60 aos 80). Em 1962, pelo Movimento imposto, o estudo dos Determinantes deixou de se relacionar ao de Análise Combinatória, sendo desenvolvido junto ao de Matrizes e Sistemas de Equações Lineares, tendo ainda, as Matrizes, ganhado um lugar de destaque. Com a LDB/96, novas propostas foram estabelecidas à educação brasileira, cabendo-nos destacar que todos os níveis de ensino deveriam ser objeto de avaliação nacional, com a finalidade de acompanhar e qualificar o ensino. No encadeamento desse processo de ordem políticopedagógica, fora implementado o ENEM, o qual se tornou uma referência nacional para o Ensino Médio. Os Determinantes, sendo esvaziados das provas dessa avaliação, agregado ao fato delas terem se tornado referência nacional para o Ensino Médio, tiveram sua trajetória selada: sua provável exclusão do ensino. Além disso, em 2006, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio prescreveram uma insignificante participação dos Determinantes no currículo, colocando-o em segundo plano em relação aos demais conteúdos. Portanto, ao que resta para os Determinantes são frágeis justificativas para mantê-lo no ensino, direcionando-o cada vez como saber a ser ensinado apenas no Ensino Superior, não sendo mais um saber para a escola.

Palavras- chave: Ensino Secundário; Determinantes; História das Disciplinas Escolares.