Última alteração: 2021-10-20
Resumo
O presente estudo, refere-se a um recorte da dissertação de Silva (2020) e tem por objetivo apresentar as percepções de professoras dos anos iniciais sobre suas aulas de Matemática, por meio da realização de análises de desenhos. Dessa maneira, pôde-se avançar em discussões sobre a abordagem de jogos e brincadeiras para a aprendizagem de Matemática conforme Muniz (2016), bem como abordar a importância dessa temática na formação de professores dos anos iniciais, tendo em vista que, de acordo com Nacarato et. al (2019), ainda há discussões sobre as poucas oportunidades diante do ensino e aprendizagem da Matemática na formação inicial e continuada de professores polivalentes que atuam no Ensino Fundamental.
Por meio de observações realizadas em um curso de formação continuada de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, no município de Curitiba-PR, foi possível identificar aspectos das percepções de três professoras, sobre suas aulas de Matemática. Para tanto, no primeiro encontro do curso acompanhado em 2019, foi solicitado às docentes que confeccionassem um desenho a partir do questionamento: Como é a sua aula de Matemática? Ressalta-se, que para a pesquisa obteve-se aprovação do Comitê de Ética em Pesquisas da Universidade Federal do Paraná (número do parecer: 3.245.783).
Nessa perspectiva, considerou-se a concepção de Bédard (2013), referente a interpretação de desenhos. Em seguida, as informações foram sistematizadas em quadros, conforme o processo de categorização estruturado por Röder (2018), para a análise de um instrumento denominado Mapa Afetivo que é composto por desenho, questionário tipo escala Likert e perguntas abertas.
Por meio das análises das representações pictóricas, conforme Bédard (2013), foi possível perceber no desenho da professora que lecionava para o 1º ano do Ensino Fundamental, indícios da presença da brincadeira amarelinha e de interação entre os sujeitos em sala de aula. Em um outro desenho, também de uma docente que se dedicava ao 1º ano, havia um destaque sobre os objetos pedagógicos e mobiliários que estavam dispostos de uma maneira que as crianças pudessem vivenciar a aprendizagem em grupo. Na representação da professora do 4º ano do Ensino Fundamental, foi possível observar a presença de objetos pedagógicos e contas registradas no quadro. Ressalta-se que após a finalização do curso, realizou-se um diálogo com as professoras para escutá-las e assim, pensar sobre a suas representações pictóricas.
Dessa maneira, foi possível refletir sobre a utilização de tempos e espaços dedicados ao brincar em aulas de Matemática com crianças inseridas no 1º e 4º ano do Ensino Fundamental. Diante das possibilidades de aprendizagem da Matemática, bem como de discussões que, segundo Muniz (2016), podem ser geradas por meio de jogos e brincadeiras em aulas dessa disciplina, coloca-se em pauta a reflexão sobre a importância de cursos de formação de professores, interessarem-se pela abordagem da ludicidade em aulas de Matemática, para que seja possível ampliar e valorizar uma proposição que tece saberes com a ludicidade.
As informações produzidas propiciaram a identificação a partir de um curso de formação continuada, sobre as percepções de três professoras dos anos iniciais a respeito de suas aulas de Matemática. Por meio dos desenhos, observações e conversas, foi possível verificar que houve diversificação na maneira como essa disciplina foi abordada com as crianças. Houve inserção de brincadeiras, materiais pedagógicos, trabalhos em pequenos grupos e registros no quadro da sala de aula. Todavia, ressalta-se que há a necessidade de considerar a importância de cursos de formação de professores abordarem a temática de jogos e brincadeiras como proposições na aprendizagem de Matemática às crianças inseridas no Ensino Fundamental.