Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II Congresso Nacional de Educação Matemática da Grande Dourados

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COMPREENSSÕES SOBRE DISCALCULIA A PARTIR DE ANÁLISES DE PESQUISAS ENVOLVENDO O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
Lara Fernanda Leonel Ramires, Fernanda Malinosky Coelho da Rosa

Última alteração: 2021-09-29

Resumo


A curiosidade pelo tema veio após o entendimento da primeira autora sobre o que era dislexia, que é um transtorno específico de aprendizagem em Língua Portuguesa, então houve o questionamento se existia um transtorno específico de aprendizagem em Matemática, assim iniciou um estudo vinculado ao Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica depois que descobrimos que havia poucos trabalhos recentes na área, além de ser um tema tão pouco comentado durante o curso de graduação.

A discalculia é um transtorno específico de aprendizagem ocasionado por uma má formação neural que ocorre na parte superior do cérebro, ou seja, no córtex cerebral que é a parte do cérebro responsável pelo reconhecimento de símbolos, sendo assim o indivíduo pode ter afetado suas habilidades de contagem, computacionais, de compreender e manipular números, suas habilidades de solucionar problemas verbais.

Cabe dizer que o objetivo do nosso projeto é compreender as implicações da discalculia no processo de ensino e de aprendizagem da Matemática a partir de pesquisas acadêmicas no período de 2005 a 2020.  O período inicial justifica-se pela publicação das “Diretrizes para inclusão: garantir o acesso à Educação para Todos” (UNESCO, 2005) que influenciou algumas leis brasileiras que versam sobre a Educação Inclusiva, visto que a pessoa com discalculia não está incluída no público-alvo da Educação Especial que tem por direito acesso ao Atendimento Educacional Especializado.

Esta pesquisa de cunho qualitativo, descritivo e analítico teve como metodologia orientadora o Estado da Arte, conforme Romanowski e Ens (2006): “[...] tem por objetivo realizar levantamentos do que se conhece sobre um determinado assunto a partir de pesquisas realizadas em uma determinada área” (p. 5). Desse modo, como procedimento metodológico, foi realizada uma busca no dia 25/04/2021 por pesquisas de mestrado e de doutorado no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) utilizando o seguinte descritor “discalculia”.

Assim, ao realizar a pesquisa na plataforma Capes utilizando a temática Discalculia foi obtido 47 resultados sendo 40 dissertações de mestrado, 7 teses de doutorado. Ademais, foram realizadas pesquisas na BDTD com o intuito de encontrar mais teses e dissertações e foi analisado que dos 13 resultados que foram escolhidos apenas 2 não estavam catalogados na Capes. Visando os objetivos da pesquisa, dos 49 trabalhos encontrados, resultaram em 11 dissertações e duas teses atendiam ao que propomos no projeto.

Feito isso, restringimos o período de 2005 a 2020, sendo importante enfatizar que, até o momento, analisamos seis dissertações: uma de 2006 e as demais entre 2013-2020 e, como considerações parciais, percebemos que todos os trabalhos utilizam Testes e/ou questionários para analisar os alunos.

Além de observarmos diferenças de nomenclaturas utilizadas pelos autores para designar a discalculia e divergências de datas de criação ou descoberta do transtorno, percebemos que todos os trabalhos utilizam Testes e/ou questionários para analisar os alunos. Os testes possuem questões Matemáticas ou são do tipo Neuropsicológico sendo utilizados em estudo de caso, em um pequeno grupo de alunos e em escolas diferentes, alguns estudos até incluem o professor fazendo a análise de conhecimento que o discente tem a cerca de discalculia. Algumas pesquisas impressionam por comparar resultados de alunos com indicadores de discalculia com discentes considerados com “desenvolvimento típico na capacidade intelectual”, segundo os autores, o que contradiz os documentos nacionais e internacionais sobre Educação para Todos e respeito às diferenças, interferindo inclusive nos processos de resgate da autoimagem e de autoestima destes alunos, como apontado na pesquisa de Bernardi (2006), a mais antiga analisada.

Como considerações, ainda parciais por não termos analisado as 13 pesquisas encontradas, percebemos é de suma importância que os docentes e a comunidade escolar, como um todo, recebam informações e orientações acerca da discalculia para que consigam planejar atividades, intervir no aprendizado do aluno e na autoestima que pode ser abalada por ações de bullying, além de viabilizar o processo de ensino e de aprendizagem, conscientizando o aluno e a família quanto ao encaminhamento para diagnóstico com vistas a um processo de inclusão escolar, visto que existem seis tipos de discalculia que ainda podem estar associado a outros transtornos.


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