Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II Congresso Nacional de Educação Matemática da Grande Dourados

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PERCEPÇÕES SOBRE PRÉ-CONCEITO, BULLYING E ESTIGMA NA DISCIPLINA MATEMÁTICA: UM OLHAR PARA AS PESQUISAS DE PÓS-GRADUAÇÃO SOBRE A COMUNIDADE LGBTQIA+
João Gabriel Souza Freitas, Fernanda Malinosky Coelho da Rosa

Última alteração: 2021-09-29

Resumo


A Educação Inclusiva – que, em geral, é vinculada aos direitos de alunos público-alvo da Educação Especial, tanto pela referência desse grupo em leis e documentos internacionais, quanto pela longa e efetiva luta de pessoas surdas e/ou com deficiência por seus direitos – também se destina a outros que, por suas diferenças sociais, culturais, históricas, territoriais, geracionais, subjetivas, de gênero,  de sexualidade, fenotípicas e/ou físicas também podem ser excluídos e devem fazer parte da “Educação para Todos”. Nesse sentido, entendemos que uma escola inclusiva deve proporcionar educação de qualidade equitativamente a todos, sejam pessoas do campo, de remanescentes quilombolas, indígenas, de assentamentos, mulheres, pessoas com deficiência, dentre outros.

Dado o exposto, temos como objetivo mostrar a importância da inclusão de assuntos como gênero e sexualidade na sala de aula a fim de melhorar o ensino e a aprendizagem (na disciplina Matemática) de discentes que se identificam pertencentes da comunidade LGBTQIA+, esclarecer e discutir conceitos ou informações veiculadas de forma errada e evitar a estigmatização de discentes e ações de bullying.

Nesta pesquisa, de cunho qualitativo, utilizamos o Estado da Arte que se baseia no estudo dos conteúdos apresentados nas dissertações e teses já existentes no meio acadêmico, além disso esta metodologia é comumente utilizada para observar a qualidade das pesquisas que foram elaboradas em um certo período de tempo e separar as que são de cunho científico das que são apenas formadoras de mestrados (PALANCH; FREITAS, 2015).

Dessa forma, utilizamos os aspectos descritos na Metodologia do Estado da Arte:

(i) definição dos descritores para direcionar a busca das informações; (ii) localização dos bancos de pesquisas (artigos, teses, acervos etc.); (iii) estabelecimento de critérios para a seleção do material que comporá o corpus do estudo; (iv) coleta do material de pesquisa; (v) leitura das produções, com elaboração de sínteses preliminares; (vi) organização de relatórios envolvendo as sínteses e destacando tendências do tema abordado; e (vii) análise e elaboração das conclusões preliminares. (PALANCH; FREITAS, 2015, p. 3)

Dado o exposto, utilizando tal procedimento metodológico, no dia 23/04/2021 pesquisamos estudos de mestrado e de doutorado na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) utilizando os seguintes descritores: “diversidade”, “sexualidade” e “matemática”, ao mesmo tempo e entre aspas. A partir dessa pesquisa, obtivemos 27 resultados, no entanto só nove pesquisas tinham relação com o objetivo delineado.

Como considerações parciais, pois até o momento analisamos cinco dissertações e uma tese, observamos que, na maioria delas, os autores utilizam entrevistas com docentes e discentes para elaboração das pesquisas e apontam a importância de discutir gênero e sexualidade na escola, inclusive nas aulas de Matemática. As pesquisas lidas mostram relatos de alunos que trazem à tona nas aulas problemas sociais que podem dificultar a aprendizagem deles, haja vista que diversos aspectos extracurriculares como: família, cultura, religião e até mesmo a saúde mental devem ser levados em consideração para que os docentes auxiliem na aprendizagem dos discentes. Outrossim, o professor deve saber sobre estas abordagens para que (se necessário) possa dialogar e ajudar os alunos, tendo em vista o bem deste dentro e fora da sala de aula.

Ademais, a inclusão desse tema na formação de professores contribui para formar profissionais que saibam lidar de maneira adequada com as diferentes demandas da Educação Inclusiva dentro e fora da Matemática, levando em consideração que os indivíduos possuem sentimentos, vontades, uma autoimagem e autoestima, que abaladas por ações de bullying ou por falta de informação, pré-conceitos, podem afetar a aprendizagem deles.

Dados os fatos supracitados, concluímos que a inserção de assuntos pertinentes ou que dizem respeito à comunidade LGBTQIA+, que também se refiram à diferença e à heterogeneidade existente na escola e em toda a sala de aula, que abordem a Educação Inclusiva e o respeito com o outro é de suma importância para que os mesmos possam ajudar os docentes (e a comunidade escolar, como um todo) a lidarem com os pré-conceitos, estigmas e bullying, além de levarem os alunos a refletirem sobre temas sociais e cotidianos que interferem no ensino e na aprendizagem de qualquer disciplina, inclusive da Matemática.


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