Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II Congresso Nacional de Educação Matemática da Grande Dourados

Tamanho da fonte: 
PERCEPÇÕES DOCENTES SOBRE METODOLOGIAS PARA ENSINO DA MATEMÁTICA
Maria Rafaela Andrade da Nóbrega, Lidiane Rodrigues Campêlo da Silva

Última alteração: 2021-10-19

Resumo


INTRODUÇÃO

O conhecimento matemático é de suma importância para a sociedade, pois é aplicado constantemente nas atividades pessoais, sociais, econômicas e produtivas. Porém, instituições educacionais brasileiras amargam resultados insuficientes em relação ao ensino-aprendizagem, especialmente em Matemática. Esse cenário é revelador de vários problemas de ensino, apontando-se como um deles a forma como a matemática é abordada e apresentada aos alunos (CAVALCANTE, 2018).

Desde os primórdios, as aulas são baseadas em práticas de ensino centradas na ação do professor, privilegiando-se a memorização e repetição de conteúdo em um enfoque de ensino excessivamente transmissivo (LIBÂNEO, 1994). A pouca ou nenhuma diversificação metodológica no ensino de matemática é justificada por alguns docentes devido a esta ser uma ciência exata, lógica, padronizada e caracterizada pelas diversas fórmulas (SADOVSKY, 2010).

Assim, em meio a tantas mudanças culturais e sociais, professores de matemática sentem-se impelidos a inovar em sala de aula? Quais são as metodologias adotadas por eles em sala de aula? Dessa forma, objetiva-se analisar percepções de professores de matemática sobre necessidade de mudanças metodológicas no ensino de matemática e a relação de suas ideias na promoção ou não da inovação em aulas de matemática.

MÉTODO

Essa pesquisa é um recorte do TCC apresentado junto à Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), câmpus VII. O estudo filia-se a abordagem qualitativa, pois pretendeu compreender os elementos do processo em análise (MINAYO, 2007). A pesquisa foi realizada em campo utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário composto por cinco (05) questões introdutórias, a fim de obter a caracterização dos sujeitos da pesquisa. Em sequência, seis (06) objetivas com espaço para justificativa das escolhas feitas. Para este trabalho, exploramos apenas três (03) questões.

O questionário foi destinado a professores de Matemática do Ensino Médio, sendo aplicado no ano de 2019 em quatro (04) escolas estaduais da cidade de Patos - PB e em uma (01) escola estadual em Santa Luzia - PB, totalizando dezesseis (16) docentes de Matemática participantes da pesquisa. No texto,  referimo-nos a eles pela classificação: Professor ou Docente seguida de uma letra do alfabeto em maiúscula de A a Z (Professor/Docente A, B, C ...Z) de modo a garantir o anonimato dos sujeitos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Movidos pelos objetivos elencados para a pesquisa, procuramos sondar a concepção dos docentes perguntando se, diante das diversas mudanças que ocorrem na sociedade, é necessário inovar em sala de aula, revendo, reelaborando, criando e adotando outras metodologias para o ensino de Matemática. Quinze (15) docentes responderam de forma afirmativa e (01) assinalou a opção em parte. Dos dezesseis (16) professores, um (01) não expressou o motivo de escolha da assertiva. Verificando-se as respostas para as justificativas, foi possível notar três linhas de argumentação expressas pelos docentes que marcaram a opção sim e, com isso, podem-se agrupá-las em classes.

As categorizando da seguinte forma: a) os que consideram as novas metodologias como algo que estimula aprendizagem dos estudantes; b) os que consideram a sociedade propulsora das mudanças em sala de aula; c) os que evidenciam ação da prática em sala de aula. A maioria das justificativas apresentam sinal de que estão interligadas às mudanças que ocorrem na sociedade, à inserção de outras metodologias no ensino e à influência na prática em sala de aula. Como justifica o docente C, a utilização de outras abordagens de ensino são justamente para desenvolver aprendizagens e competências que não são trabalhadas pela recorrente utilização da metodologia tradicional sem suprir as exigências da atual sociedade.

Com base nas informações coletadas, vimos que 75% dos docentes (A, C, D, E, F, G, H, I, L, M, N e O) manifestam-se de forma bastante favorável à mudança metodológica, enquanto outros 25% (B, J, K e P) expressam resistência às inovações no ensino de matemática. Através das declarações dadas pelos professores, observa-se que 50% dos pesquisados utilizam a metodologia por repetição e memorização de conteúdos.

Dos dezesseis pesquisados, 31,25% dos professores declaram desenvolver um ensino expositivo com práticas que envolvam o aluno, porém são práticas marcadas por técnicas convencionais. Os demais docentes (18,75%) disseram explorar a matemática por meio da construção do conhecimento utilizando a resolução de problemas e a aproximação conceitual à vida do aluno. Podemos inferir que, mesmo sendo um grupo pequeno, há pelo menos indícios de que estes possam estar mais alinhados à abordagem da aprendizagem significativa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que as convicções de alguns dos sujeitos pesquisados ainda estão restritas ao ensino tradicional. Outros já ressaltam a importância de explorar novas práticas de ensino, entretanto também fica evidente entre os sujeitos a falta de conhecimento acerca de novas possibilidades metodológicas. Notou-se também, por meio de seus enunciados, ações desvinculadas das finalidades acerca das metodologias elencadas para o ensino de Matemática.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTE, M. T. M. O ensino de matemática, a neurociência e os games: desafios e possibilidades. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande, 2018.

LIBÂNEO, J. C. O processo de ensino na escola. São Paulo: Cortez, 1994.

MINAYO, M, C, S.; DESLANDES, S, F. et al. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. O desafio da Pesquisa Social. 26. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

SADOVSKY, P. O ensino de matemática hoje: enfoques, sentidos e desafios. Tradução de Antônio de Padua Danesi. 1ª.  ed. São Paulo: Ática, 2010.


Texto completo: PDF