Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II Congresso Nacional de Educação Matemática da Grande Dourados

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DIFICULDADES DE ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO EM OPERAÇÕES COM FRAÇÕES E DECIMAIS
Janiette Pereira da Silva, Lidiane Rodrigues Campêlo da Silva

Última alteração: 2021-10-13

Resumo


INTRODUÇÃO

A aproximação a realidade do ensino de matemática na etapa final da Educação Básica permitiu-nos perceber, de forma significativa, dificuldades dos estudantes na compreensão de conteúdos básicos desta matéria. Observou-se pouco domínio das operações básicas, principalmente relacionadas ao Conjunto dos Números Racionais (ℚ).  Despertando interesse investigativo na relação ensino e aprendizagem desse conteúdo.

Romanatto (1997), afirma não ser difícil encontrar docentes e especialistas questionando o ensino de frações, enquanto Litoldo, Almeida e Ribeiro (2018) alertam que é preciso ter um conhecimento especializado sobre o assunto, este abrange não só a dimensão conceitual do conteúdo, mas também o âmbito pedagógico de sua abordagem.

Considerando tal problemática este trabalho tem como objetivo investigar o processo de aprendizagem de operações matemáticas envolvendo o conjunto dos números racionais (frações e decimais), em uma turma do 3° ano do Ensino Médio da cidade de Desterro-PB. Trata-se de um recorte da pesquisa desenvolvida para o Trabalho de Conclusão de Curso da Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual da Paraíba, câmpus VII.

MÉTODO

O estudo, por seu interesse compreensivo, teve esteio na abordagem qualitativa de pesquisa (MINAYO, 2001). A fase empírica da investigação foi realizada em uma Escola da rede Estadual de ensino localizada em Desterro-PB. Teve como sujeitos pesquisados todos os 22 estudantes de uma (01) das três (03) turmas de 3º ano do Ensino Médio no ano de 2019. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário composto de sete (07) questões envolvendo conteúdo matemático das quais uma foi selecionada para apresentação neste trabalho.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A questão objeto de estudo, adaptada de Geovanni Júnior (2009), é composta por nove (09) itens e avalia, segundo a BNCC a habilidade de “Resolver [...] problemas que envolvam as operações com números racionais (EF07MA12)[1]” (BRASIL, 2017, p.307) e conforme a matriz de referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB, o descritor  para o 9º ano “Efetuar cálculos que envolvam operações com números racionais (adição, subtração, multiplicação, divisão e potenciação) (D25)”  (BRASIL, 2008, p. 3).

Os itens a, b, e c, objetivaram investigar o conhecimento dos alunos acerca da resolução de questões algorítmicas, envolvendo soma e subtração de frações com denominadores iguais e diferentes e soma de frações com decimais. Os itens d, e, f e g, solicitavam cálculos de multiplicação de fração com decimal; multiplicação de frações; divisão de frações; e divisão de um inteiro com decimal, respectivamente. Ficou evidente que a maioria ainda não compreende a ideia das operações com frações, corroborando a afirmação de Toledo e Toledo (2009) sobe as dificuldades em operar com os racionais mesmo na etapa final da Educação Básica.

Os itens h, e i, dizem respeito ao cálculo de porcentagem. Nesses, a intenção foi analisar o domínio das operações com frações e decimais, uma vez que este cálculo está relacionado à multiplicação e divisão dos racionais. Dos respondentes, apenas dois (02) acertaram o item h e somente um (01) o item i. Nota-se ainda que as noções de porcentagem também não foram consolidadas, sendo possível inferir que na Matemática o entendimento e domínio de um conteúdo é progressivo e cumulativo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa de campo revelou de forma preocupante o baixo e até mesmo inexistente nível de aprendizagem entre os alunos pesquisados acerca das operações básicas envolvendo frações e decimais. Demonstrou ainda que estes discentes não compreendem o conceito de número racional e sua aplicabilidade durante o processo de desenvolvimento deste e de outros conteúdos do currículo matemático.

O estudo sinaliza assim parra a necessidade de pesquisa, políticas e ações educacionais voltadas à intervenção nesse cenário. O foco quantitativo ainda tão recorrente no ensino de matemática, conforme sinalizam Walle (2009) e Romanatto (1997), gera resultados negativos e superficiais na aprendizagem de conteúdos matemáticos com efeito cumulativo. Assim, a consequente necessidade de enfrentamento dessa abordagem, priorizando o processo e a qualidade do processo pedagógico.

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Fundamental e Ensino Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Matriz de Referência de Matemática do Saeb: Temas e seus Descritores. Brasília: MEC, SAEB; Inep, 2008.

 

LITOLDO, B. F; ALMEIDA, M. V. R; RIBEIRO, M. Conhecimento especializado do professor que ensina matemática: uma análise do livro didático no âmbito das frações. Tangram: Revista de Educação Matemática, Dourados, v. 1, n. 3, p.03-23, 2018.

 

MINAYO, M. C.  S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 21-22.

ROMANATTO, M. C. Número racional: relações necessárias à sua compreensão. 1997. 169 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.

 

WALLE, V, A, J. Cálculo com frações. In: WALLE, V, A, J. A matemática no ensino fundamental [recurso eletrônico]: formação de professores e aplicações em Sala de Aula. 6. ed. Editora Artmed, 2009. p. 345-355.

 


[1] EF07MA12 para o qual EF significa Ensino Fundamental; 07 - 7º ano; MA - Matemática e 12 - a posição da habilidade na numeração sequencial do ano.


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