Última alteração: 2016-10-25
Resumo
Incorporados a uma forma singular que pode constituir-se em uma linguagem sócio-política de resistência, mediatizados por sujeitos históricos capazes de transformar sua própria realidade, os rituais indígenas implicam em um processo vivo de rememoração e ressignificação permanente, constituindo assim, um movimento de dinamicidade estrutural e de eficácia simbólica. Entendendo que estas práticas se configuram em uma das principais manifestações de um povo, e que a partir destas, podemos caminhar para uma possível construção de uma reflexão sobre o universo das relações sociais formalizadas entre os membros deste grupo – e até mesmo com outros grupos – espaços e posições sociais, pretendo com a realização deste trabalho, apresentar uma análise etnográfica centrada a partir do Avatikyry[1], um significativo ritual realizado pelos índios Kaiowa habitantes da Aldeia de Panambizinho localizada no município de Dourados, Estado do Mato Grosso do Sul. No intuito de delinear essa problemática sobre possíveis representações e simbologias incorporadas ou expostas no ritual, espero trabalhar com os seguintes aspectos: A complementaridade do espaço ritualístico, pensando além de seus limites (se houver); as relações sociais construídas dentro e fora da aldeia. O solo como sagrado e a importância do milho para o grupo: substância corporal e espiritual e como é vista essa relação do homem (índio e não índio) com a natureza. Sobre a importância da preservação linguagem materna e ritual. A corporalidade como idioma simbólico, noções sobre construção da pessoa Kaiowa, complexos de cura e adoecimento e como a deturpação do entendimento das práticas ritualísticas podem atribuir significações na sua vida cotidiana. Perceber e interpretar a questão da violência externa e interna (em relação a terra, o milho e ao povo Kaiowa) e realizar uma possível conexão ao ritual. Utilização de artefatos rituais e quais possíveis ligações com a atividade humana. O que os indígenas entendem sobre o ritual e qual a sua importância.
Palavras-chave: Kaiowá; Avatikyry; Representações e simbologias; Resistência.
[1] Segundo CHAMORRO (1995, p.75) Avatiky é o milho. Avatikyry é a bebida feita do milho e que dá nome a festa que se celebra para batizar a nova colheita de milho, desta conceituação, constitui-se o nome: Festa do milho novo. In Kurusu Ñe’ëngatu: palavras que la historia no podría olvidar. Centro de Estudios Antropológicos de la Universidad Católica “Nuestra Señora de la Asunción”. Asunção – Paraguay.