Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, I Seminário Internacional Etnologia Guarani: diálogos e contribuições

Tamanho da fonte: 
A realização da vida na Fronteira Bolívia/Brasil – alteridade e fronteiras pelas narrativas orais
Martha Jeronimo Batista

Última alteração: 2016-10-26

Resumo


A produção de vida dos diferentes grupos humanos no espaço fronteiriço Bolívia/Brasil, resulta numa totalidade dinâmica e aparentemente incongruente; justamente a interação do diálogo, a oralidade que o corumbaense verte sobre seus lugares e viveres, incluindo o “lado boliviano”, tão rica de lembranças e de significados, parece perder o sentido quando se dispõe ao outro: a interação é parca e ríspida, e o reconhecimento do outro pela fala se faz de desumanização, numa associação de valores negativos que explicariam e abarcariam todos os costumes do outro. Também as histórias do distinto povo boliviano, imaterialmente se recriando pela oralidade, ainda que ausente na nossa história e cosmologia, revelam desde a sua ausência à recusa de sua compreensão, antagonismos que a simples observação faz inferir, mas não entender: apesar da cotidianeidade e da produção de vida em conjunto, que uniriam estes povos, a exclusão, a negação e o pejo sobressaem-se, como manifestação inegável deste espaço fronteiriço. Trata-se aqui, portanto, de apresentar a proposta de trabalho para a leitura deste cenário fronteiriço pelos realizadores deste fato social, os fronteiriços, que serão convidados a narrar, pela memória e pela realidade presente da fala, sua vida na fronteira: se chegou ou se nasceu, quando chegou, a que veio, os lugares em que viveu, os arranjos entre geração da família e do trabalho, etc, tecendo assim, as histórias de vida fronteiriças que também pelas condições de alteridade e identidade se contrapõem à ideologia e realização da Fronteira Nacional. A metodologia tem por base a coleta e análise de narrativas orais de vida, de fronteiriços que representem os distintos grupos humanos que vivem na fronteira, como kambas, corumbaenses e indígenas, com idade igual ou superior a 70 anos, que vivam (viveram) na região da Fronteira; bem como a de material publicitário, como jornais, revistas, periódicos e almanaques, produzidos e circulados na cidade de Corumbá entre os anos de 1870 a 1943, na forma de microfilmes, pertencentes ao Centro de Documentação Regional da Universidade Federal da Grande Dourados, e que revelariam, por sua vez, os filamentos da construção ideológica da Fronteira Nacional.

 

PALAVRAS-CHAVE: Fronteira, oralidade, narrativas, Estado, Poder, subalternidade

 


Texto completo: Resumo