Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, I Seminário Internacional Etnologia Guarani: diálogos e contribuições

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O AUDIOVISUAL COMO FERRAMENTA DE LUTA PELA GARANTIA DA RETOMADA DOS TERRITÓRIOS TRADICIONAIS GUARANI, KAIOWÁ E TERENA: a experiência da ASCURI como fortalecimento do jeito de ser dos Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul.
Gilmar Galache

Última alteração: 2016-10-28

Resumo


Para o saber comum da população é difícil conceber que haja Povos com saberes e línguas específicas e que estes lutam uma guerra diária para a sustentação de seu modo de ver e interagir com o universo. Em vários momentos a questão indígena é uma incógnita e as etnias são subjugadas ao conceito de raça.

Teóricos, ao longo do tempo, permanecem tentando decifrar o que há de diferente no jeito de ser desses povos, com relação à sociedade dominante. Porém, vivemos um tempo bastante diferente daquele vivido quando os antigos referenciais teóricos foram construídos, aos quais as instituições de ensino superior no Brasil ainda teimam em se ater. Nos últimos 50 anos, as políticas indigenistas tem se mostrado ineficazes na questão, resultando assim, num completo desastre na relação entre populações tradicionais e as sociedades envolventes.

Equívocos à parte, nós indígenas vivemos hoje o resultado do desconhecimento do Estado e da aproximação de frentes que ocuparam essas lacunas, que por sua vez, trazem os antigos e piores conceitos de relações para as comunidades indígenas. Igrejas, política partidária e suas influências na gestão pública deixaram marcas irreparáveis no jeito de ser indígena.

Nessa conjuntura, nossa geração veio sendo cunhada. De um lado as relações que nossos pais e avós mantinham com a sociedade envolvente; de outro, a sustentação do jeito de ser. Para alguns, um lado dessas forças acabou ganhando mais espaço, onde, infelizmente, o modo de ser do não-indígena gerou mais possibilidades de sobrevivência. Um fator importante para essa mudança de perspectiva foi o distanciamento das relações internas nas comunidades. A oralidade, por exemplo, sempre presente no cotidiano e atuante como difusor do saber ancestral, passa cada vez a ter menos importância.

Partindo desse pressuposto, a ASCURI – Associação Cultural de Realizadores Indígenas, que desenvolve ações que vão desde oficinas de audiovisual internacionais, em parceria com a ECA – Escuela de Cine y Arte de La Paz/Bolívia, à produções locais de filmes independentes que revelam esse modo de olhar o mundo, e que atua no fortalecimento do próprio Povo, e também na conscientização da sociedade não-indígena que mesmo com tantos anos de convivência se mantem aquém do entendimento profundo das relações.

O presente trabalho traz uma reflexão sobre esse novo tempo, onde os indígenas do Mato Grosso do Sul, mais especificamente Terena (que predominam na região oeste do estado), e os Guarani e Kaiowá do Cone Sul do estado, divididos geograficamente pela Serra de Maracajú, ilhados em meio ao agronegócio voraz, utilizam as mesmas novas mídias do não-indígena,  trazendo à tona a invisibilidade de séculos de colonização e criando estratégias de fortalecimento do jeito de ser inconscientemente adormecido, por décadas de bombardeamento midiático hegemônico

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