O presente trabalho busca uma compreensão sobre o bem viver ou a caminhada pelo “bom caminho” (tape porã) segundo os Mbya Guarani. Primeiramente, seguindo algumas trajetórias de pessoas mbya, sugere-se que há entre o “bom caminho” e os erros e desvios do mesmo uma relação de complementaridade, como se para se chegar a ele fosse preciso experimentar aquilo que seria um “mau caminho”, ou os “erros” (-javy) do caminho. Para dizer o mínimo, trilhar um caminho bom ou belo não é algo que exclui os erros e desvios em relação a este mesmo caminho. Em seguida passa-se à investigação das disposições tanto pessoais quanto corporais para uma bela caminhada. Disposições que se traduzem numa certa escuta que se faz com o corpo, captando sentidos que afetam a pessoa positivamente ou negativamente, causando alegria (-vy’a) ou tristeza (-vy’a e’ÿ).