Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, v. 1 n. 1: X Simpósio e III Semana Acadêmica de Nutrição da UFGD

Tamanho da fonte: 
PERSPECTIVAS DA TERAPIA NUTRICIONAL NO TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO
Anne Caroline Genes Nunes, Gabriela Duarte Pereira, Fernando Augusto Gomes Sobreira

Última alteração: 2018-12-02

Resumo


Introdução: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é qualquer lesão provocada por um trauma externo, causando lesão craniana e comprometimento cerebral. No Brasil, mais de um milhão de pessoas apresentam sequelas neurológicas irreversíveis decorrentes do TCE, principalmente por acidentes de trânsito, prevalente na faixa etária de 20 a 29 anos. A resposta metabólica ao trauma caracteriza-se por hipermetabolismo, catabolismo, produção desequilibrada de citocinas pró-inflamatórias e elevada de hormônios contra-regulatórios resultando em aumento das necessidades energéticas, sistêmicas e cerebrais. Objetivos: Descrever as perspectivas da terapia nutricional no TCE e comparar as intervenções nutricionais executadas com as recomendações da literatura. Métodos: Revisão de literatura por consulta de publicações, entre o ano de 2012 e 2017, na base de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e revista eletrônica Scientific Electronic Library Online (SciELO). Os descritores indexados em português foram “traumatismos craniocerebrais”, “traumatismo cranioencefálico”, “terapia nutricional”. Trata-se de um relato referente à experiência do cuidado nutricional em um rapaz de 17 anos admitido no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados encaminhado de uma unidade hospitalar de outro município devido atropelamento por motocicleta, diagnóstico de TCE e infecção do trato urinário (ITU); acompanhado por um grupo de residentes multiprofissionais em saúde entre o mês de junho e agosto de 2017. A triagem de risco nutricional foi aplicada pela ferramenta Strong Kids, posteriormente avaliação nutricional e acompanhamento diário por nutricionista. Resultados: À admissão hospitalar, apresentava-se acamado, consciente, traqueostomizado, porém, ausência de fala e movimentos corporais; emagrecido; lesão por pressão estágio 4 na região sacral. A dieta inicial prescrita foi exclusivamente via sonda nasoenteral (SNE). Em discussão de equipe multiprofissional foi acordado prescrição dietética de nutrição enteral enriquecida com imunonutrientes, oferta calórica de 30 Kcal/Kg/peso corporal ideal segundo Índice de Massa Corporal (IMC) médio para a idade e proteica de 2,5 g/Kg/peso corporal ideal, que vão além das recomendações das diretrizes da American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN), 2016. Por outro lado, correspondeu praticamente aos requerimentos energéticos propostos em um estudo de Wischmeyer (2016) que observou gasto energético total médio, na segunda semana de internação, de 59 kcal/kg/dia no trauma, na fase de recuperação. Como houve grave perda de peso pela gravidade da doença, foi necessário entrega significativa de calorias e proteínas para restaurá-lo. Conclusão: As diretrizes de terapia nutricional exercem papel fundamental e são um guia para o tratamento nutricional, porém, em determinadas situações, essas recomendações precisam ser adaptadas às condições de saúde e necessidades nutricionais imediatas de nossos pacientes, as quais certamente se modificam ao longo da doença. Fica o enfoque para o cuidado nutricional individualizado no trauma. O profissional de saúde precisa acompanhar diariamente a tolerância à dieta e evolução clínica do paciente a fim de realizar manejo adequado em tempo oportuno para alcançar suas reais metas nutricionais e de recuperação.