Última alteração: 2018-09-30
Resumo
É recorrente, na imprensa escrita ou falada, a veiculação de notícias que relatam infrações penais ocorridos nas aldeias Bororó e Jaguapiru, localizadas próximas ao perímetro urbano da cidade de Dourados - estado do Mato Grosso do Sul. Nesse sentido, este artigo tem como principal objetivo examinar os discursos e as imagens de si e de outrem produzidos em relação aos sujeitos que atuaram no processo penal, em especial dos indígenas douradenses que figuraram como réus e vítimas em uma ação penal que investigou o crime de estupro seguido de morte de uma adolescente de 12 anos, praticado em concurso de pessoas, com emprego de recursos que impossibilitou a fuga da vítima. Bem como explicitar os ethos que são construídos pelos atores forenses na cenografia jurídica. As analises serão conduzidas sob a perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa. Adotaremos como principal teórico Dominique Maingueneau (2006) e Michel Foucault (2012). Para efetivação desta pesquisa, tivemos como arquivo textos forenses extraídos de um processo criminal que tramitou em uma vara penal do Fórum da Comarca de Dourados - estado do Mato Grosso do Sul. Com o resultado das análises explicitamos as imagens de si e do outro construídas no cenário forense. Objetiva também demonstrar como as partes constroem os discursos e os utilizam como meio de convencimento do auditório. Espera-se, com este trabalho, fornecer à sociedade douradense subsídios para as discussões e reflexões das questões que envolvam a população indígena. Em especial aquelas que versam sobre encarceramento massivo de sujeitos hipossuficientes.
Palavras-chave: Análise de Discurso; Ethos; Comunidade indígena.