Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, IV SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2019

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TEMPORALIDADE COMO PROBLEMA HISTÓRICO EM A MONTANHA MÁGICA, DE THOMAS MANN
Gong Li Cheng

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


Este trabalho propõe uma análise histórico-crítica do romance A montanhamágica (1924), de Thomas Mann, buscando compreender a problemática da representaçãotemporal, posta em forma e conteúdo na obra, em sua relação direta com o contexto materiale histórico no qual o romance é escrito. Tomamos como hipótese a tese de que o modernismoem confluência com o projeto de modernidade, no início do século XX, tratouexaustivamente do tempo por estar periodizado no contexto sócio-histórico de expansão docapitalismo monopolista, o que produziu um choque com resíduos de outros modos deprodução, com sua cultura e temporalidade próprias (JAMESON, 2005; 2011). Neste cenário,os escritores vivenciaram a discrepância entre essas temporalidades conflitantes,especialmente o tempo do campesinato (resquício feudal) e o tempo dos grandes centrosurbanos (indústria e monopólios). Além disso, a classe burguesa, em ascensão, viveu sob ainfluência do ancien régime respaldada pelo poderio político e cultural das nobiliarquiasagrárias ainda vigentes na época (MAYER, 1987). Dessa forma, a ampliação material dassociedades ocidentais, paradoxalmente, não correspondeu à ideia humanista de progresso. Nanarrativa manniana, há representações desse momento de transição, do mundo arcaico doséculo XIX para o mundo moderno e fragmentário do século XX (HEISE, 1990). Em Amontanha mágica, o deslocamento espacial (simbólico) realizado pelo protagonista, HansCastorp, é que designa a coexistência do mundo em processo de modernização (a planície) eo tempo suspenso, estagnado e envolto pela obsolescência do passado (o sanatório namontanha de Davos). Por conseguinte, as noções de tempo psicológico e tempo cronológicocunhados por Benedito Nunes (2013) serão desenvolvidos para endossar a discussão dapercepção qualitativa do tempo. Por fim, através da conhecida interpretação de Paul Ricoeur(2010), demonstrar-se-á como a representação do tempo no romance desencadeia astemáticas da morte e da decadência da cultura europeia.

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