Este trabalho é um exercício de pensamento construído no fio da navalha entre os aprendizados e as leituras compartilhadas com as/os intercessoras/os no Grupo de Estudo de Nietzsche (GENie/UFGD) e a pesquisadora que almejo de ser. Nietzsche e os demais autores da Filosofia da Diferença são fundamentais em minha tarefa de cartografar o presente e o que nos acontece. Aqui, destaco as minhas considerações sobre arte e a Grande Saúde ou a arte da Grande Saúde. Na construção de sua genealogia, Nietzsche declara-se como um pensante que sente permitindo-me ligar, embora ainda de forma incipiente, os fios que tecem a Grande Saúde como um fazer artístico. Em Gaia Ciência, Nietzsche coloca-se como um psicólogo da cultura ou um médico filosófico, alguém que busca compreender o problema da saúde geral de um povo, de uma época e da humanidade. Uma das questões elencadas pelo autor, na obra Ecce Homo, é sobre como alguém se torna o que se é. O humano é tomado como tarefa inacabada, sujeito inconcluso, escultura a ser entalhada por si mesmo, pelo tempo e como paciência, embora o autor nos advirta que poucos são os que têm força e dedicação para dar forma às suas virtudes. No perspectivismo nietzschiano, criar e embelezar a vida, dar sabor ao viver e ousar ser um artista de si são atividades estéticas que dão sentido à existência. A tarefa de produção de si é no corpo, na dieta, na educação e nos modos como se lida com os estados de alegria e sofrimento inerentes ao viver. Deste modo, toda a filosofia de Nietzsche pode ser caracteriza como um esforço de saúde, segundo Marta Faustino, que desempenha um papel decisivo na superação do niilismo e na reabilitação da cultura ocidental para criação de outra humanidade. Por fim, compreender a Grande Saúde é um convite para tratar da vida e da arte como dimensões indissociáveis.