O presente trabalho tem como objetivo fazer um estudo sobre a produção literária durante o Regime Militar, mais em específico A Festa (1976), de Ivan Ângelo, uma vez que o período foi marcado pela repressão política e pelo cerceamento da expressão artística no Brasil. Se na história mantemos viva às memórias e o registro do que foi de longe um dos períodos mais nacionalista e opressor em toda a história do país, na literatura salvam-se obras responsáveis por resgatar o aspecto humano e a essência de personagens que enfrentaram o cerceamento da expressão artística. A partir de um levantamento bibliográfico de artigos e teses lançados com temáticas relacionadas a esse contexto, como Lizandro Calegari (2008) e Tania Pellegrini (2008), faremos uma apresentação do momento histórico, especialmente os anos 1970, observando como ele se relaciona com a produção literária do período, sobretudo a literatura de Ivan Ângelo. Em geral, pretendemos estudar o processo de experimentação estético-formal do romance, observando suas implicações políticas, uma vez que a obra foi escrita no contexto da ditadura militar brasileira e busca, ainda que de forma fragmentada, fazer uma representação do contexto de censura e violência relativos a esse período histórico. Para tanto, utilizaremos recursos de crítica literária de cunho materialista (CEVASCO, JAMESON, EAGLETON) na busca por compreender as relações entre a forma do romance e os aspectos políticos e ideológicos que podem ser aferidos a partir dele, de acordo com o contexto histórico da época. Portanto, a leitura de obras como A Festa abre espaços para questões relacionadas à verossimilhança entre a sociedade real e a ficcional.