Como a obra poética de João Cabral de Melo Neto é interpretada pela crítica? Existe uma forma correta de analisar a obra do autor de Pedra do sono? O que a crítica pôde extrair da obra cabralina? Na literatura brasileira tornou-se lugar comum atribuir o cálculo racional de um engenheiro quando se faz referência a poesia de João Cabral de Melo Neto. É possível fazer uma interpretação da poesia de João Cabral sem partir da narrativa crítica do “poeta-engenheiro”? É possível perceber na crítica literária um ponto de partida em comum, que, apesar de correto, pode obscurecer ou impedir que floresça uma visão inédita sobre a poesia do poeta pernambucano? Seria equívoco supor que a crítica possa ter encontrado um caminho comum (fácil?) que contemple todas suas questões sobre o processo de composição poético de João Cabral abdicando outras formas de análises? A literatura crítica pode (deveria) dar luz sobre outros ângulos da poesia cabralina? Esta comunicação tem o objetivo de investigar, de maneira panorâmica, a narrativa crítica do “poeta-engenheiro” na obra poética de João Cabral de Melo Neto, serão analisados os três livros da coletânea Terceira Feira de 1961, compostas pelos livros Quaderna (1960), Dois Parlamentos (1961) e Serial do mesmo ano. A presente comunicação não tem pretensão de derrubar a narrativa crítica do “poeta-engenheiro”, pois fora uma acertada escolha de análise, porém, a obra de João Cabral de Melo Neto, permite uma pluralidade de olhares que possibilitam, ao menos, questionar algumas evidências da narrativa exposta pela crítica literária sobre a obra do poeta. A análise retoma resumidamente uma parte do artigo sobre o poeta (em processo de elaboração) que será apresentado como resultado de uma pesquisa de iniciação cientifica.