Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, IV SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2019

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O DESCORTINAR DOS SENTIMENTOS FEMININOS EM OUTROS JEITOS DE USAR A BOCA (2016), DE RUPI KAUR
Thayssa Ajala Ferreira, Leoné Astride Barzotto

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


Este trabalho tem por finalidade selecionar os poemas do livro Outros jeitos de usar a boca (2016) de RupiKaur e, a partir deles, analisar os acontecimentos do universo feminino através da inferência dos atuais debates sobre questões de gênero. A obra enfatiza o universo existencial feminino que se difere de narrativas e ficções, mas que ainda assim tem um pouco de ambas, uma vez que narra fatos corriqueiros e salvaguarda a origem dos fatos presentes nos poemas, trazendo apenas a verdade escancarada, fazendo com que o leitor se identifique e reflita a respeito das experiências de sobrevivência em forma de versos. Assuntos como maternidade, vínculos afetivos, abusos e sexualidade são amplamente expostos em seus poemas e nos interessa, sobremaneira, analisar tais temáticas pela ótica pós-colonial e debate de gêneros da atualidade. Buscamos evidenciar nos poemas, as várias reflexões acerca do empoderamento feminino expostas pelo caráter metonímico que o eu lírico atribui aos poemas e analisar o potencial de resistência, revide e denúncia presente na obra da escritora hindu-canadense. Ademais, tivemos como resultado da análise dos poemas, três temas centrais, ao qual a auto ficção presente no livro é analisada, uma vez que a autora inspira se em fatos efetivamente vividos por  ela e não se limita a acomodar uma existência que não é sua, mas vai, antes, denunciar fatos corriqueiros que são existentes e compartilhados por mulheres do mundo todo. Em seguida, o segundo tema aborda a questão do abuso do corpo da mulher trazendo poemas-denúncias de violências que são recorrentes, como os casos de estupros incestuosos que fazem com que meninas expressem um comportamento erotizado, oriundo em seu próprio seio familiar. Já no terceiro e último tema, fora discutida a construção identitária feminina em uma sociedade patriarcal à qual a mulher não tem poder de fala e é submissa. Concluímos que Kaur (2016) transforma, portanto, todos os sentimentos que uma mulher, apenas uma mulher, consegue sentir em poemas que descortinam a realidade da miríade feminina, já por um longo tempo com sua voz relegada à uma sociedade regida pela ideologia patriarcal.


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