Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, IV SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2019

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TEATRO, GÊNERO E REPRESENTAÇÃO SOCIAL:UMA LEITURA DE O BOTE DA LOBA, DE PLÍNIO MARCOS
Luana da Costa Delite, Wagner Corsino Enedino

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


Ancorando-se nos estudos de Pallottini (1989), Ryngaert (1996), Pavis (1999), Magaldi (1997, 1998), Ubersfeld (2005), Pascolati (2009) e Prado (2009) acerca do modo de estruturação do texto teatral, bem como apoiado pela estruturação simbólica de Chevalier e Ghueerbrant (1998) e nas reflexões de Louro (1997), Moro (2001), Lipovetsky (2000, 2004) e Moita Lopes (2002) sobre a configuração do gênero feminino, o objetivo deste trabalho é demonstrar a existência de invariantes que estruturam o projeto estético-social do dramaturgo Plínio Marcos em sua última peça não publicada O bote da loba (1997). Por meio da análise e interpretação de contornos identitários, sociais, ideológicos e histórico-culturais delineados na obra, é possível estabelecer relações entre as marcas discursivas inscritas nas falas das personagens e a ideologia do seu criador; observando as influências do meio em que vivem, assim como abordar questões de gênero, identidade e representação social na produção teatral. Além disso, constata-se que ficam latentes as contradições entre o “poder” e o “não poder”; entre as aspirações e as frustrações individuais das personas. Aliadas a esses elementos, a obra congrega fatores que desnudam a condição da mulher no cenário da sociedade de consumo e patriarcal. Nesse segmento, cumpre destacar que a diegése de O bote da loba constitui-se por meio de duas personagens (Laura e Veriska) e um cenário simples; entretanto permeado de diálogos densos e corrosivos que conduzem à reflexão sobre a educação, nos moldes patriarcais, a que as mulheres são submetidas. Com efeito, salienta-se, por meio do texto ficcional, que as mulheres, historicamente, são criadas para casar e servir aos homens, as quais devem abrir mão de sua essência em nome de uma vida “perfeita” e heteronormativa. Não obstante, Stuart Hall (2006, p. 09), assevera que “a identidade somente se torna uma questão quando algo supõe como fixo, coerente e estável; é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza”. Assim, a trama repousa na crise identitária da protagonista Laura, e que ganha contornos de drama ao conhecer a cartomante Veriska, que a instiga a buscar respostas para os males que a aflige.


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