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É sabido que a questão da identidade é um tema recorrente e pertinente na sociedade contemporânea. O sujeito pós-moderno vive em uma realidade instável e flutuante, o que culmina na desestabilização da identidade. Neste sentido, teremos como objeto de estudo analisar como as relações de identidade se comportam no livro O Homem Duplicado (2002) do escritor português José Saramago. A obra narra a história de Tertuliano Máximo Afonso, um professor de História que saiu de um divórcio e foi sucumbido pela solidão e melancólica. Logo nos primeiros capítulos, conhece seu sósia através de um filme. A partir deste momento, o personagem vivencia a problemática do “outro”. O protagonista representa o “eu” contemporâneo, isto é, um sujeito com, identidades fragmentadas, uma composição de várias outras identidades, deixando de12 ser um sujeito único e singular no mundo. A literatura fantástica será uma das bases teóricas para essa pesquisa, tendo em vista que reflete sobre algumas questões atinentes à identidade. O livro A ameaça do Fantástico (2013) de David Roas faz importantes considerações teóricas sobre o tema. O autor defende que a nossa concepção do que é real está mudando e que existe um novo entendimento da realidade, devido a instauração de novas formas de linguagem, que colocam em questionamento os limites entre realidade e ficção. Desta forma, o fantástico evoca uma reflexão sobre os limites do real e do irreal, isto é, romper com os limites que nos dão segurança, com a nossa concepção de mundo, uma premissa aliada às postulações pós-modernistas. Neste prisma, o romance O homem duplicado (2002) desenvolve o ápice do sujeito pós-moderno, isto é, um sujeito que perdeu sua noção de identidade em meio ao mundo globalizado. Deste modo, é válido refletir sobre tais questões que são pertinentes na sociedade atual, para assim haver uma possível contribuição nos estudos relativos à identidade.

Identidade; Literatura portuguesa; Fantástico.