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Este trabalho pretende verificar a representação da personagem Estela na sociedade patriarcal repressora do século XIX, bem como a sua trajetória numa narrativa reveladora de um discurso dominante na sociedade desse período. Partindo da perspectiva dos estudos de gênero, busca-se evidenciar os questionamentos e rupturas das práticas de dominação vigentes na época, apresentados pela escritora Andradina de Oliveira em sua obra O Perdão (1910). Este romance urbano foi ambientado na Belle Époque rio-grandense e sua trama não obteve o destaque merecido por questões de autoria. Com o Movimento Feminista, iniciado na década de sessenta, narrativas produzidas por mulheres, que retratassem sua visão e suas experiências, foram enfocadas, e, nesse sentido, entendeu-se que relatos ficcionais de autoria feminina deveriam ser priorizados. Por conta da ficção foi possível perceber a valorização da participação da mesma na constituição de sua nova história. Hoje, com essa recuperação, é possível perceber que a obra dessa escritora esteve à frente de seu tempo, por apresentar uma singularidade no que se refere aos valores estético e cultural presentes em sua narrativa. Como base teórica deste estudo serão utilizados conceitos de autores de diferentes campos do conhecimento, como Simone de Beauvoir (1980), Cecil Jeanini Albert Zinani (2010), Rita Terezinha Schmidt, Pierre Bourdieu (2005), Michelle Perrot (2005) e Michael Foucault (1979), que darão norte às abordagens referentes aos seguintes pontos: a colocação da mulher na sociedade em épocas distintas, a dominação masculina, a sociedade patriarcal e a invisibilidade da mulher escritora no final do século XIX e início do XX.

Mulher; Sociedade patriarcal; Andradina de Oliveira