Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2017

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AS REPRESENTAÇÕES DA MORTE E DO MORRER EM JOSÉ SARAMAGO
Steffany Romualdo Sousa Gomes, Gregório Foganholi Dantas

Última alteração: 2017-09-27

Resumo


Partindo do ponto de vista funcional, a literatura pode ser compreendida não só como uma ferramenta socializadora, como também um quadro representativo de uma sociedade. Para tal enfoque, infere-se a obra do escritor português José Saramago, As Intermitências da Morte (2005), a fim de ilustrar como e por que a representação se configura no romance partindo do pressuposto de que a morte seja um tema universal e que cada grupo sociocultural o interprete à sua maneira. O discurso saramaguiano se constrói de modo único ao passo que perpassa, humorada e ironicamente, pelas fases históricas que envolvem o processo da morte e do morrer no Ocidente. Com base nesses pressupostos, entende-se então que a literatura, segundo a representação (CHARTIER, 1991), concretiza e permite compreender as práticas individuais, partindo de realidades, processos históricos e culturais como parâmetros para aludir, nesse contexto, à relação entre humanidade e finitude. Através das referências sócio-históricas de Philippe Ariès (2012) e Norbert Elias (2001) apreendem-se múltiplas características do processo comportamental do homem desde a Idade Média à contemporaneidade. Porém a textualidade saramaguiana, imprecisa quanto a datas, lugares e personagens, faz com que a narrativa não se encontre em um plano cartesiano, ou seja, correspondendo unicamente a um determinado grupo ou época, mas sim, promovendo uma reflexão abrangente dos discursos e simbologias que circundam a morte. Desse modo, considera-se principalmente o fato do enredo abordar de maneira ímpar a temática, pois a traz por um viés que evidencia a sua importância através da ausência e até mesmo expondo o íntimo de uma figura tão misteriosa ao indicar que, a Morte tem sentimentos, como os seres humanos, induzindo ao entendimento de que tanto um quanto o outro são semelhantes e, a partir desse desdobramento, pode-se ter uma abordagem menos impactante e mais simplista de um assunto tão delicado e restrito.

Palavras-chave


Representação; Literatura e sociedade; Morte.

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