Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2017

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DO ENSAIO NO TEATRO AO ENSAIO LITERÁRIO: REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO DO TRADUTOR
Braz Pinto Junior

Última alteração: 2017-09-27

Resumo


Um ensaio pode ser entendido como um momento de experimentação, teste, repetição em que os atores evolvidos em uma produção teatral têm a prerrogativa de prescindir da presença do público, embora, de certa fora, este pareça estar sempre presente (representado pela figura do diretor). O ensaio, na perspectiva da prática teatral, é quando aos atores é permitido errar, improvisar, revisar falas e ações. Do elemento improvisacional, do trabalho do ator e do contato com o expectador é que decorre toda a arte teatral, visto que não há teatro sem a presença de atores, sem a interação com um público ou sem uma ação a ser representada. Na música como nas artes cênicas, e também nas artes visuais, improvisação, repetição, esboços e estudos que valorizam o processo são tão importantes quanto o resultado, o que também ocorre na literatura e na tradução literária. No âmbito acadêmico, por exemplo, o ensaio pode ser definido como o gênero textual que mescla reflexão e experimentação quando um autor resolve expressar o seu ponto de vista sobre determinado tema ou objeto sem o compromisso de “encerrar” a discussão. Ao ensaísta é permitida certa flexibilidade para experimentar tanto no que diz respeito ao conteúdo quanto à forma de seu ensaio. A título de reflexão, em uma perspectiva teórica desenvolvida com base nos estudos de tradução teatral e no conceito de tradutor-dramaturgo apresentado por Pavis (2008), ao inserirmos a tradução literária nessa mesma categoria ensaística de arte e de ciência, de certa forma, ampliamos nossa percepção do trabalho do tradutor literário, à medida que passamos a compreender o processo de tradução como uma atividade de experimentação e revisão contínuas. Como os atores durante os ensaios, o tradutor também experimenta, repassa o texto do autor, forja uma entonação, constrói um personagem, encontra uma nuance interpretativa e, por que não?, também improvisa. Como um artista ou um cientista, o tradutor experimenta, força os limites de seu idioma, interage com seu público alvo, com o autor que se propõe a traduzir, testa vocábulos, desconstrói ideias, cultiva significados, ensaia.

Palavras-chave


Ensaios; Tradução Literária; Tradutor-dramaturgo.

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