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ESTÉTICA VEGETAL CONTRA A VIOLÊNCIA HUMANA NA NOVELA LITERÁRIA A VEGETARIANA E EM SUA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA HOMÔNIMA
Última alteração: 2017-09-27
Resumo
A tônica da violência abordada pela literatura não é exclusividade da contemporaneidade, mas não é exagero afirmar que essa seja uma das características que a delineiam. Na presente comunicação pretendemos abordar, por um viés comparativo, como tal temática é apresentada na obra A vegetariana (2007), da autora sul coreana Han Kang e o seu processo de transposição para a adaptação cinematográfica homônima dirigida por Lim Wooseong, em 2010. O romance-novela conecta três narrativas sobre EunHye, uma mulher que decide se tornar vegetariana, e que ao contrário do que o título leva um possível leitor a imaginar, não se desdobra em um discurso de engajamento ou defesa ao vegetarianismo, mas se transforma em uma ação que simboliza a resistência contra a violência, e uma busca pela libertação dos padrões e normas sociais dentro da estrutura da sociedade moderna coreana, ainda patriarcal e repressora. Libertação essa que aparentemente só pode ser realizada em relação ao seu próprio corpo, em um processo que, devido à culpa, faz com que a personagem passe a se identificar cada vez menos como humana, e cada vez mais como um vegetal. A partir de tal desenlace narrativo e os diferentes níveis de violência – concretos e psicológicos - narrados de maneira explícita na obra em questão, pretendemos iniciar nossas análises refletindo sobre os momentos de divergências e convergências de tais pontos na adaptação, questionando como foram realizadas e quais as novas significações lhe foram atribuídas no novo suporte. Para tanto tomaremos como base a ideia de transcriação cunhada por Haroldo de Campos, supondo ser a adaptação cinematográfica também uma tradução intersemiótica da obra original e, portanto, portadora de valores artísticos singulares que devem ser julgados como tais.
Palavras-chave
A vegetariana; Literatura sul-coreana contemporânea; Cinema sul-coreano contemporâneo.
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