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É recorrente, nos meios de comunicação, a veiculação de notícias que discutem as agressões sofridas por mulheres indígenas nas aldeias Bororó e Jaguapiru localizadas próximas ao perímetro urbano da cidade de Dourados, Estado do Mato Grosso do Sul. Nesse sentido, cientes da situação de vulnerabilidade que elas estão expostas, esta comunicação tem como objetivo principal examinar, em dois processos criminais e cinco boletins de ocorrência, os discursos produzidos em relação à mulher indígena douradense vítima de violência doméstica e familiar, bem como explicitar os ethos que são construídos pelos sujeitos forenses na cenografia jurídica. Sendo os dados analisados sob a perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa. Adotaremos como principais teóricos Michel Pêcheux, Michel Foucault, Dominique Maingueneau, Eni Orlandi e Claudemar Fernandes. Para efetivação desta pesquisa, tivemos como arquivo textos forenses (boletins de ocorrência, denúncia, defesa preliminar, contestações, decisões interlocutórias, interrogatórios dos réus, depoimentos de testemunhas e vítimas e sentenças) extraídos de dois processos criminais que tramitaram no Fórum da Comarca de Dourados (MS) e cinco boletins de ocorrência registrados de 2013 a 2015, na Delegacia de Atendimento à Mulher. Com o resultado das análises intencionamos explicitar as formações ideológicas que permearam as relações entre homem e mulher indígenas, evidenciando-se, assim, uma desigualdade de gênero. Espera-se, com este trabalho, fornecer à sociedade douradense subsídios para as discussões e reflexões das questões que envolvem violência doméstica e familiar em desfavor das mulheres indígenas, bem como auxiliar os profissionais que lidam com essa temática nas instituições de justiça, segurança pública e assistência social.

Análise de Discurso; Discurso Jurídico; Mulher indígena.