Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, II SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2017

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O MELODRAMA E A METAFICÇÃO NA NARRATIVA FÍLMICA A ROSA PÚRPURA DO CAIRO, DE WOODY ALLEN
Mariana Alice de Souza Miranda

Última alteração: 2017-09-27

Resumo


Este trabalho pretende apresentar uma breve reflexão sobre o filme A rosa púrpura do Cairo (1985), de Woody Allen, destacando a construção metaficcional que coloca em questão a representação melodramática no cinema. De modo geral, o enredo do filme tem como protagonista a personagem Cecilia, uma mulher norte-americana que trabalha como garçonete, vive um casamento fracassado, sendo vítima de um marido opressor e de uma árdua realidade, uma vez que a trama se passa no período da Grande Depressão dos Estados Unidos, na década de 1930. Para escapar da dura realidade, Cecilia, apaixonada por musicais e filmes, fica obcecada pela exibição do filme “A Rosa Púrpura do Cairo” (um melodrama ao estilo clássico que se firmara naquele período) e, especialmente, pelo herói Tom Baxter, comparecendo ao cinema todos os dias da semana. A partir dessa obsessão, ocorre algo inusitado: o herói consegue sair da tela e declara seu amor à Cecilia, não querendo retornar ao filme. Começa, assim, o conflito entre o “mundo real” da personagem e o mundo ficcional que lhe servia como válvula de escape em uma situação opressora. É a partir desta proposta que Woody Allen consegue estabelecer uma reflexão sobre a potência do cinema exercida no imaginário contemporâneo, valendo-se de um emolduramento narrativo que, ao inserir o filme dentro do filme, desencadeia um processo metaficcional inusitado. Assim, para a apresentação no evento, será feito um recorte da pesquisa dando ênfase ao conceito de melodrama e o seu papel na consolidação do cinema clássico/hollywoodiano, no qual age como base das narrativas cinematográficas comerciais do século XX, e a metaficção, gênero narrativo característico do pós-modernismo. A análise fílmica será através da crítica cultural materialista, tendo como bases teóricas os críticos literários Fredric Jameson (1994), Ismail Xavier (2003), Linda Hutcheon (1984) e Terry Eagleton (1978). É importante destacar que as teorias da narrativa e da literatura, aliadas ao estudo específico da linguagem cinematográfica, têm produzido bons resultados na compreensão das obras contemporâneas. Cabe destacar, ainda, que este trabalho vincula-se ao projeto de Pesquisa da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Unidade de Campo Grande) “Literatura, Cinema e Sociedade: diálogos críticos sobre o contemporâneo”, coordenado pelo Prof. Dr. Volmir Cardoso Pereira, no qual se busca analisar obras literárias e fílmicas que contribuam para compreender melhor os fenômenos culturais e as expressões estéticas que se configuram enquanto narrativas na contemporaneidade.

Palavras-chave


Crítica materialista; Melodrama; Metaficção; Estudos Interartes.

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