Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

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A FORÇA ALIENADORA DO MELODRAMA SOBRE O IMAGINÁRIO CONTEMPORÂNEO E A METAFICÇÃO ELABORADA POR WOODY ALLEN NA NARRATIVA FÍLMICA A ROSA PÚRPURA DO CAIRO (1985)
Mariana Alice de Souza Miranda

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


Este trabalho propõe uma reflexão sobre a composição da estrutura narrativa utilizada por Woody Allen, o melodrama, no filme A Rosa Púrpura do Cairo (1985) e, também, sobre a questão da construção metaficcional como uma característica do pós-modernismo, a qual é concebida pela crítica literária Linda Hutcheon como uma autoconsciência diegética explícita (1984). A partir da crítica cultural materialista, tendo como bases teóricas os críticos Fredric Jameson (1994), Linda Hutcheon (1984), Terry Eagleton (1978) e Ismail Xavier (2003), pretende-se analisar e compreender a metaficção em uma perspectiva crítico-histórica e o melodrama - desenvolvido no teatro do século XVIII e, após, sendo amplamente utilizado nos romances de folhetim do século XIX – como um gênero consolidado como base das narrativas cinematográficas desde os anos 1930. Esta construção melodramática elaborada por Woody Allen revela a forma padronizada das estruturas cinematográficas e a sua força alienadora sobre o imaginário contemporâneo, representada pela protagonista Cecilia, uma garçonete norte-americana obcecada pelas estrelas e musicais hollywoodianos, que para fugir de seu casamento fracassado e da sua dura realidade, visto que a ambientação da narrativa se passa nos anos 1930, período da Grande Depressão dos Estados Unidos, comparece ao cinema todos os dias para assistir a exibição do filme A Rosa Púrpura do Cairo, um melodrama bem ao estilo daquela época. A partir dessa obsessão, o herói do filme, Tom Baxter, consegue sair da tela do cinema, começa a viver no mundo real, concretizando um affair com Cecilia e não mais querendo retornar ao filme. Assim, ficção e realidade se mesclam, produzindo no espectador um efeito de estranhamento, o qual é estimulado a descolar o olhar da trama para, em seguida, refletir sobre o significado de assistir cinema e suas implicações. Deste modo, por meio da metaficção criada, desnuda-se o próprio aparelho perceptivo que o cinema plasma e controla.

 

Palavras-chave: crítica materialista; estudos interartes; Woody Allen.

 

 


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