Sistema Eletrônico de Administração de Eventos da UFGD, III SELAC - Seminário de Literatura e Arte contemporânea - 2018

Tamanho da fonte: 
 A SÁTIRA LITERÁRIA DE KURT TUCHOLSKY NO PERIÓDICO DIE WELTBÜHNE (1918-1924)
Anderson Roszik

Última alteração: 2018-09-30

Resumo


O berlinense Kurt Tucholsky (1892-1935) vivencia dois momentos fundamentais na história de seu país na primeira metade do século XX: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), cujo término marca também a derrocada do Kaiserreich (Império Alemão), e a primeira república alemã, conhecida como República de Weimar (1918-1933). Dado que essa forma política nasce de um tumulto social, econômico e cultural, ela serve de substrato à escrita literária, especialmente à sátira. Nesse sentido, Tucholsky, atuante crítico de sua época no controverso jornal Die Weltbühne, escreve textos satíricos (poemas, sketches, contos e aforismos, dentre outros) que tematizam personagens políticos, militares e culturais durante todo o período republicano. Para abordar e, consequentemente, atacar tais figuras, Tucholsky emprega quatro pseudônimos com estilos distintos, mas com a mesma verve crítica: Kaspar Hauser, Theobald Tiger, Peter Panter e Ignaz Wrobel. Dessa forma, o presente trabalho objetiva elucidar, com base na produção literária de Tucholsky entre 1918 e 1924, a tríade básica que constitui a sátira literária: (i) o ataque direcionado e referencial, (ii) a defesa de uma norma e (iii) a configuração estética. Para tanto, orientamo-nos em quatro estudiosos. O primeiro é Klaus Gerth que, em seu artigo Satire (1977), discorre sobre a construção do ataque satírico, a defesa de uma certa norma pelo satirista e os elementos estéticos que dão ao texto o epíteto de literário. O segundo é Charles Knight, que versa, em The literature of satire (2004), sobre o que denomina de “satiric frame of mind”, concepção referente à forma como o satirista observa e ataca seu objeto, permitindo ao receptor o reconhecimento deste objeto, a aceitação do ataque e a posterior atribuição do sentido satírico ao texto. Por fim, referimo-nos às discussões de Stefan Ringel em Satire und Realismus (2006) e de Jörg Schönert em Theorie der literarischen Satire (2011) sobre a relação entre sátira e realidade. Inerentes a essa tríade são tanto elementos extratextuais, como referencialidade, quanto estéticos, como ironia, paródia e pastiche. A partir dessa relação, é possível analisar como Tucholsky concebe, em suas sátiras, o importante início da república, marcado por crimes políticos, golpes de Estado e inflação.

 

Palavras-chave: Sátira; Literatura Alemã; República de Weimar.


Texto completo: PDF